A definição de justiça na República de Platão

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2019
Autor(a) principal: Silva, Ana Beatriz Barbosa de Carvalho e
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/8/8133/tde-07062019-105246/
Resumo: Na presente dissertação de mestrado, propomos uma interpretação do Livro IV da República de Platão, que defende a fórmula to ta hautou prattein, ou \"fazer o que lhe é próprio\", como uma definição plausível de justiça. A busca por tal definição mobiliza as bases do pensamento de Platão, pois toca na pergunta de tipo socrático \"o que é?\", insere-a no contexto metafísico dos Diálogos Médios e demanda o sentido de uma virtude moral. O problema central discutido nesta pesquisa é compreender a resposta de Platão - fundamentada \"nas coisas\" (en autois Rep. 444A4-6) - à pergunta \"o que é a justiça\", em contraste com a alegação de haver \"a Forma da justiça ela mesma\", κατ' αὐτὸ τὸ τῆς δικαιοσύνης εἶδος, (Rep. 435b2). O principal objetivo desta investigação é reconstruir os pressupostos que conferem à justiça a fórmula definicional \"fazer o que lhe é próprio\" (Rep. 443c-444a to ta hautou prattein). Nossa leitura testa a hipótese de que há, de fato, uma definição de justiça na República, averiguando se a expressão \"fazer o que lhe é próprio\" cumpre, adequadamente, o papel definicional e explica o conteúdo moral dessa virtude. Concluímos que \"fazer o que lhe é próprio\" constitui uma definição de tipo paradigmática. Considerando que a referida fórmula é o princípio de construção de exemplares perfeitos de justiça, preenchemos os critérios formais de universalidade e igualdade entre o definiens e o definiendum - como era demandado pelos diálogos socráticos -, ao mesmo tempo em que atendemos ao critério ontológico de se adotar uma Forma como referente - tal como requerido pela metafísica dos Diálogos Médios. Quanto à função explicativa da definição de justiça, a fórmula delimita, precisamente, o sentido da virtude buscada porque aponta o caso mais exemplar de justiça, no melhor mundo possível. Desse modo, a pesquisa contribui para uma postura interpretativa mais unitarista do corpus platônico, ao sugerir que o projeto de encontrar uma definição universal, unificada e explicativa não foi completamente abandonado nos Diálogos Médios.