Sobre a produção de bens e males nas cidades : estrutura urbana e cenários de risco à saúde em áreas contaminadas da região metropolitana de São Paulo

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2010
Autor(a) principal: Valentim, Luis Sergio Ozorio
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/16/16139/tde-18062010-092455/
Resumo: Nos primeiros anos de 2000, as áreas contaminadas emergiram como motivo de preocupação para a sociedade paulista, configurando-se como problema de ordem ambiental, sanitária e urbanística. Para além do factual, as áreas contaminadas se mostram fenômenos representativos e simbólicos de um modo histórico de produção e reprodução do capital de bases urbanas e fabris. Elas são expressão tardia de um modelo de desenvolvimento extremamente agressivo, cujas manifestações mais agudas se dão nas cidades. Nas tensões e contradições que marcam as paisagens urbanas contemporâneas, apresentam-se perturbadas as condições de se promover saúde. Uma das razões do negar saúde nas cidades é o modo como nelas se fez uso da química para produzir mercadorias de toda ordem, entendendo-se que, por muito tempo, a confiança na química foi extensão direta da confiança no progresso. A Região Metropolitana de São Paulo (RMSP), onde historicamente ocorreram processos acelerados de urbanização e concentração de população, é emblemática da distribuição desigual dos proveitos e dos rejeitos da grande maquinaria de produção que caracteriza a sociedade racional moderna. Nela se fomentam riscos e angústias derivadas da espoliação social e da exposição humana a toda sorte de rejeitos da civilização moderna. Na RMSP estão atualmente cadastradas 1254 áreas contaminadas, cuja distribuição obedece à lógica do modo como seu território foi estruturado. Os cenários de risco à saúde que se configuram pela contaminação do solo metropolitano podem ser analisados a partir da localização e das interações que se estabelecem entre as fontes potenciais de contaminação do solo e as populações que as acercam. O objetivo da pesquisa é interpretar as relações entre a produção de cenários de risco à saúde e a estrutura metropolitana, tendo por referência a contaminação do solo e das águas subterrâneas por substâncias químicas tóxicas. A hipótese central é que os cenários de risco à saúde se conformam e se distinguem na lógica da estruturação urbana, sendo elementos importantes para interpretar a qualidade de vida nas grandes cidades contemporâneas. A pesquisa se detem na abordagem histórica e conceitual do assunto para, em seguida, analisar espacialmente as relações entre os elementos estruturantes do espaço urbano e as áreas contaminadas. Para tal, faz uso de dados gerais de natureza demográfica, sócio-econômica e ambiental, bem como de dados espaciais das fontes potenciais de poluição e das áreas contaminadas. Com isto, observam-se na RMSP cenários distintos de riscos à saúde devido à contaminação do solo, seguindo a lógica da estrutura metropolitana. O enfrentamento do problema demanda visão ampliada e políticas públicas integradas de saúde, de meio ambiente e de desenvolvimento urbano.