Três contos sem fada: a violência atualizada em Branca de Neve

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2023
Autor(a) principal: Bertozzi, Ana Luiza Gerfi
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/8/8150/tde-26032024-125726/
Resumo: O conto de fadas permanece no imaginário popular e continua sendo contado e recontado. Neste estudo, busca-se, por meio da análise comparativa de diversos processos de atualização do discurso narrativo literário, observar a relação dialógica entre um conto de fadas, Branca de Neve em sua versão de Wilhelm e Jacob Grimm, do século XIX, tomada aqui como conto de partida e duas narrativas curtas contemporâneas, também chamadas Branca de Neve, das autoras portuguesas Lídia Jorge e Maria Teresa Horta. Duas premissas teóricas norteiam o trabalho: a primeira é que a Literatura é um discurso estético, e, como tal, é histórica, dialógica, social e ideológica (BAKHTIN, 1988, 1997; BENVENISTE, 1976); sendo, pois, o conto um discurso literário, entende-se que ele é também definido pelas características do discurso apontadas. Desse modo, como uma forma histórica (PONTIERI, 2012), pode-se dizer que o conto se atualiza no tempo, transformando-se sem nunca romper totalmente com suas formas anteriores. A segunda premissa teórica que direciona esta pesquisa é a que o texto literário narrativo é um discurso figurativo, no qual se figuram as três categorias de mundo: sujeito, tempo e espaço (BENVENISTE, 1976). A partir destas premissas, o trabalho busca entender como os contos contemporâneos atualizam a figura da protagonista Branca de Neve, dos Grimm, nas figuras das protagonistas Branca e Maria da Graça, respectivamente de Maria Teresa Horta e Lídia Jorge, assim como suas relações com o espaço narrativo e o papel da violência como elemento narrativo, tomando, sempre, como ponto de partida, o conto dos Irmãos Grimm. Duas hipóteses são investigadas nesta pesquisa: a primeira e mais ampla diz que, sendo o conto uma forma histórica, ele se atualiza no tempo e, uma vez que não é possível uma ruptura completa com relação às formas anteriores, os contos contemporâneos analisados deverão conter atualizações de elementos constitutivos personagens, enredo, narrador, tempo e espaço do conto de fadas, mantendo uma relação dialógica com ele. A segunda hipótese, que deriva da existência dessa atualização seja como continuidade ou como ruptura do conto de fadas nas narrativas contemporâneas , é a de que a violência está presente em todos os elementos narrativos dos contos e é em torno dela que o processo de atualização e a relação dialógica entre os contos se fundamenta