A Formação Pariquera-Açu e depósitos relacionados: sedimentação, tectônica e geomorfogênese

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 1990
Autor(a) principal: Melo, Mário Sérgio de
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/44/44136/tde-15092015-135545/
Resumo: O objetivo dos estudos realizados foi a determinação das correlações entre sedimentação, tectônica, paleoclimas e feições morfológicas (Níveis de terraços) na área de afloramento da Formação Pariquera-Açu, cobertura sedimentar continental cenozoica no bairro vale do Rio Ribeira do Iguape, no litoral sul do Estado de São Paulo. Com base nas características litológicas e relações estratigráficas observadas, os depósitos cenozoicos anteriormente atribuídos à Formação Pariquera-Açu foram separados em cinco unidades principais distintas: Formação Sete Barras (definida durante a realização do presente estudo); Formação Pariquera-Açu (para a qual apresenta-se proposta de redefinição no presente estudo), compreendendo uma fácies fanglomerática de leques aluviais coalescentes, uma fácies de planície fluvial meandrante, e uma fácies lacustre; depósitos de cascalhos em nível superior de terraços (situados em posição topográfica mais elevada); depósitos de cascalhos em nível intermediário de terraços (rebaixados em relação aos anteriores); e depósitos colúvio-aluviais. A Formação Sete Barras é constituída de depósitos rudáceos de leques aluviais aparentemente gradando para depósitos finos, lacustres, formados provavelmente no Paleógeno, sob condições de clima seco. Preenche o Gráben de Sete Barras, uma depressão tectônica de direção N50E, formada na interseção da Zona de Cisalhamento de Cubatão (pré-cambriana a cambro-ordoviciana) com o Alinhamento de Guapiara (mesozoico), durante fase de esforços trativos na direção WNW-ESSE, contemporâneos da sedimentação. A reativação de falhas WNW-ESE paralelas ao Alinhamento de Guapiara no Neógeno, sob ação de esforços trativos reorientados na direção E-W, acarretou basculamentos de blocos e barramentos da paleofrenagem, ensejando a acumulação da Formação Pariquera-Açu, sob condições de clima úmido, e com o nível relativo do mar abaixo do atual. Junto às falhas desenvolveu-se sistema de leques aluviais coalescentes, gradando lateralmente para planície fluvial meandrante e lago. Durante o final do Neógeno e o Pleistoceno a região foi submetida a soerguimento diferencial, com entalhamento progressivo da drenagem, mais pronunciado no bloco relativamente mais elevado, a SW do Alinhamento de Guapiara. Fases de clima seco possivelmente conjugadas com fases de quiescência tectônica ensejaram então a elaboração de dois níveis escalonados de terraços com cascalhos, estes depositados em sistema fluvial entrelaçado. Formaram-se ainda na área depósitos colúvio-aluviais no final do Neógeno e no Pleistoceno, quando o paleo-relevo já era muito semelhante ao atual. Estes depósitos aparentemente refletem remobilizações maciças do regolito durante oscilações climáticas, e apresentam-se truncados por falhas, indicando tectônica sin e pós-sedimentar. Esta última é testemunhada principalmente por falhas inversas e com rejeito direcional cortando os depósitos colúvio-aluviais, que indicam fase de esforços compressivos de direção NE-SW, ativos provavelmente no Pleistoceno Inferior. Diferenças nas cotas dos aluviões em baixos terraços nos dois blocos separados pelo Alinhamento de Guapiara sugerem que discreta tectônica residual possa estar determinando soerguimento diferenciado dos blocos até os tempos geológicos mais recentes.