Ambientes deposicionais e significado geotectônico da sedimentação do grupo Itajai-SC

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 1993
Autor(a) principal: Citroni, Sérgio Brandolise
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/44/44134/tde-28082015-150057/
Resumo: O Grupo Itajaí, unidade estratigráfica situada na bacia de mesmo nome, localizada no Vale do Rio Itajai-Açu (SC), é composto por uma sucessão de sedimentos epiclásticos anquimetamórficos e Vulcanoclásticas de idades Eopalsozóicas. A partir do reconhecimento de paleoambientes deposicionais e de sua sucessão, o presente trabalho identificou uma série de unidades litológicas, expressas na forma de associações de fácies, conforme apresentado abaixo:1 - Associações turbidíticas 1.1 - Turbiditos densos arenosos a conglomeráticos 1.2 - Turbiditos densos gradados1.3 - Turbiditos clássicos de média densidade 1.4 - Turbiditos diluídos 2 - Associações baciais 2.1 - Hemipelagitos 2.2 - Depósitos de escorregamento subaquoso 3 - Associações transicionais 3.1 - Arenitos de planícies costeiras 3.2 - Arenitos deltaicos 3.3 - Arenitos de águas rasas 4 - Associações continentais 4.1 - Leques aluviais rudíticos 4.2 - Fluvial arenoso entrelaçado. Tais Associações de fácies foram posteriormente reagrupadas com base em critérios de campo resultando em uma série de unidades estratigráficas e de mapeamento, compatíveis com sua representação na escala de 1:50.000. Na maioria dos pontos de contato com o embasamento, a unidade basal da Bacia do Itajai é a Formação Gaspar, formada por sedimentos arenosos e areno-argilodos com estratificações cruzadas de variadas escalas. Em sua porção basal é constituída por sedimentos das associações de fácies 3.1 (arenitos de planície costeira) e 3.2 (arenitos delcaicos), agrupados sob a denominação de Membro-Jordão da Formação Gaspar. Para o topo, e em direção as porções mais centrais da bacia, esse membro grada para os sedimentos subaquosos da associação de fácies 3.3 (arenitos de águas rasas), denominada Membro-Garcia da Formação Gaspar. Em alguns pontos pelos quais se deu o aporte de sedimentos fluviais, a Formação Gaspar é substituída pela Formação Baú como unidade basal. A Formação Baú também pode ocorrer na forma de intercalações dentro da Formação Gaspar. Apresenta a geometria de cunhas sedimentares situadas nas duas margens principais da bacia. Conglomerados constituem o Membro Ponta Aguda da Formação Baú, equivalendo a associação de fácies 4.1 (leques aluviais rudíticos). Esse membro ocupa uma posição preferencialmente basal, para o topo, ela adquire um caráter dominantemente arenoso, constituindo o Membro Blumenau, este representado pela associação de fácies 4.2 (fluvial arenoso entrelaçado). Em direção ao topo, a Formação Baú é recoberta pelos membros Jordão e Garcia da Formação Gaspar e, por sobre estes, transgridem as unidades depositadas em águas mais profundas, da Formação Ibirama, constituídas predominantemente pela associação da fácies 1.3 (turbiditos clássicos), unidade aqui denominada Membro Kroberger da Formação Ibirama. De maneira subordinada, ocorrem lentes e cunhas de turbiditos canalizados, de granulação mais grossa, constituindo o Membro Ribeirão do Bugre, formado pelas associações 1.1, 1.2 e 2.2 (turbiditos densos arenosos a conglomeráticos, turbiditos densos gradados e depósitos de escorregamento subaquoso). Sedimentos mais finos, depositados nas posições mais distais da bacia a época da sedimentação da Formação Ibirama, foram separados em uma unidade estratigráfica independente, denominada neste trabalho de Formação Riberão do Espinho, constituída pelas associações de fácies 1.4 e 2.1 (turbiditos diluídos e hemipelagitos). Ocorre de forma interdigitada no Memmbro Krooberger da Formação Ibirama, sendo ainda cortada por raros canais erosivos preenchidos pelo Membro Ribeirão do Bugre. O magmatismo sem-sedimentar presente na bacia ocorre de duas maneiras: (1) como níveis restritos de tufos finos, fortemente recristalizados, situados principalmente nas formações Baú e Gaspar (basais), e (2), como vulcânicas e subvulcânicas riolitico-traquiticas, com raros termos mais básicos (nugearitos), todos com tendências alcalina, que ganham importância a medida que se ascende na estratigrafia, culminando com grandes domos e derrames sem-sedimentares em meio as formações Ibirama e Ribeirão do Espinho, na região de Apiúna. A bacia sofreu a ação de deformações pós-deposicionais, concentradas principalmente em seu limite sul, no qual é cavalgada pelas rochas supracrustais do Grupo Brusque. Tais deformações ocorrem principalmente na forma de falhas inversas e dobras e foram principalmente fruto da ação dos cavalgamentos do Grupo Brusque que atingiram a sua borda sul por volta de 535 Ma, tratando-se portanto de deformações pós-deposicionais. A sequência estratigráfica conforme apresentada, mostra nitidamente a ocorrência de um ciclo transgressivo, com uma sucessão continental-transicional-marinha, característica de processos de rifteamento progressivo. Essa sequência, associada a ausência de deformações sin-sedimentares e ao caráter alcalino do magmatismo associado, se mostra mais compatível com o modelo de um reft continental, do que com modelos adotados por outros autores, que consideram a bacia ou como uma antefossa molássica, gerada pela carga tectônica dos cavalgamentos do Grupo Brusque, ou como uma bacia de \"strike-slip\", produzida pela atuação de falhas transpressivas. O mecanismo que melhor explica a geração do rift do Itajaí foi a ação conjunta das tensões produzidas pela interação entre a Microplaca Curitiba, a Microplaca Luis Alves e o Cinturão Granitóide Costeiro (ou Batólito de Paranaguá), ocorrida por volta de 560-550 Ma. A bacia do Itajaí, portando, seria um rift passivo, ou, utilizando-se de um termo mais adequado, um impactógeno, semelhante ao Gráben do Reno, produzido pela colisão Europa/Africa.