Historiografia da antropologia, imagem, contranarrativa: Vilma Chiara, Harald Schultz e povos indígenas

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2024
Autor(a) principal: Vicentin, Maria Julia Fernandes
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/8/8134/tde-28112024-120057/
Resumo: Esta dissertação é resultado de uma pesquisa que propôs \"seguir as imagens\" produzidas pelos etnólogos Vilma Chiara e Harald Schultz, entre 1939 a 1966, como as fotografias e filmes do Serviço de Proteção ao Índio, bem como os filmes destinados ao projeto da Enciclopédia Cinematográfica do Institut für den Winssenschaftlinchen Film, e as fotografias referentes à coleção particular do casal. Primeiramente, através de uma perspectiva que elabora sobre as dinâmicas de poder na ciência, é realizada uma revisão dos eclipsamentos que envolvem essas imagens, como a posição de Chiara enquanto coautora deste material, ou mesmo o reconhecimento do trabalho do casal na história da antropologia. Os divisores ciência-arte, real-ficcional, objetividade-subjetividade são condutores neste percurso que recupera desde problemas relacionados à representação e autoridade científica, até os múltiplos agenciamentos que são engendrados pelas imagens. Isto é, ao assumir que as mesmas são menos um produto, e mais um evento, processo e devir, busca-se através dos vestígios e lacunas dos arquivos, a apresentação de uma outra história possível da antropologia, que é mobilizada pelas contranarrativas realizadas por outros atores a respeito das fotografias e filmes produzidos pelos etnólogos, como é o caso dos povos indígenas, que são, reconheçamos, também detentores dessas imagens. Assim, os modos de produção, acesso, circulação e sobrevivência das imagens são justapostos ao longo da dissertação, indicando que a proposta de seguir as mesmas contribui com uma perspectiva caleidoscópica sobre o que é possível não apenas saber, mas também fabular sobre as imagens, bem como sobre a própria história da disciplina. A fim de reinaugurar a discussão, tal percurso inclui também uma breve reflexão sobre as diferenças no fazer decolonial e contra-colonial com as imagens, assim como as possíveis reparações com relação às mesmas, uma vez que é considerada uma revisão (e recriação) a contrapelo, forjada a partir das diferentes posicionalidades dos atores. Assim, há uma aposta na sensibilização política enquanto consequência de ontoepistemologias que contestam o poder na produção do conhecimento antropológico, fazendo uso da imagem em toda sua potência