La Voie cruelle d\'Ella Maillart: un récit de la fin des voyages

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2011
Autor(a) principal: Roy, Sebastien David Philippe
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/8/8146/tde-07072011-131402/
Resumo: Pretendeu-se que o século XX tinha presenciado o fim das viagens, condenando as narrativas que as contavam a não ser mais do que fábulas. A obra de Ella Maillart e, sobretudo, A Via cruel, relato escrito durante a Segunda Guerra Mundial, testemunham desse momento crítico. Ella Maillart inscreve-se na tradição das relações de viagens, tanto pela escolha de um itinerário seguindo a Rota da Seda, como por uma percepção do espaço asiático no qual situa, como os viajantes da Idade-Média, o Éden ou, pelo menos, uma tribo edênica, graças à qual o Ocidente poderia reencontrar suas origens perdidas. No entanto, a viagem de carro até o Afeganistão leva Ella Maillart a medir quanto, ao revés de uma filiação antiga entre Ásia e Europa ainda visível em certos sinais, o Ocidente aos poucos vai se expandindo pelo Leste, trocando a variedade das culturas por uma civilização industrial baseada na satisfação de necessidades artificiais. Além disso, o encontro tão almejado com o Outro, que leva a nuançar o exotismo de Ella Maillart por um relativismo moderado no qual a evolução das culturas é possível se vier de uma força interna, termina em um fracasso duplo: ou o Outro, como o iraniano já europeizado, ou mesmo o afegão mais preservado, se revela demasiado parecido com o viajante; ou, como os nômades, mostra-lhe sua irredutível alteridade. Assim, frente à impossibilidade de alcançar um Éden geográfico, Ella Maillart desprende-se do mundo objetivo e vira-se para o mundo subjetivo, do qual os diálogos com Annemarie Schwarzenbach (Christina), atormentada pela depressão e pela dependência à morfina, a levam a reconhecer a superioridade, encontrando nele a única viagem possível e, na literatura e na poesia, a única escrita capaz de contá-la. Portanto, ainda que herdeira de uma tradição das relações de viagens remetendo à Idade-Média, A Via cruel revela também seus limites no século XX, abrindo uma via para uma literatura de viagem que, ao contrário dos textos até então escritos tanto por viajantes como por escritores, assuma plenamente sua dimensão literária.