Possível intoxicação pelo \"chumbinho\" (aldicarb) em cães e gatos atendidos em uma clínica veterinária da Grande São Paulo: ocorrência da síndrome intermediária

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2003
Autor(a) principal: Lobo Junior, José Eduardo Silva
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/9/9141/tde-03032023-172335/
Resumo: Na prática da clínica veterinária de pequenos animais tem sido cada vez mais freqüente os casos de intoxicação provocadas por praguicidas, em especial o \"chumbinho\". Este nome é dado ao aldicarb, um praguicida anticolinesterásico, de uso agrícola, do grupo dos carbamatos, comercializado ilegalmente como raticida, referindo-se à forma do grânulo esférico da cor do chumbo. A sintomatologia da intoxicação aguda provocada por agentes anticolinesterásicos já é bastante conhecida, contudo a síndrome intermediária que ocorre após a intoxicação aguda foi descrita apenas em seres humanos intoxicados por organofosforados. O objetivo do presente trabalho foi estudar a ocorrência da síndrome intermediária em cães e gatos possivelmente intoxicados por \"chumbinho\", atendidos numa clínica veterinária da região da Grande São Paulo. O estudo foi conduzido entre dezembro de 2000 a abril de 2001, sendo selecionados 11 cães e 5 gatos intoxicados por \"chumbinho\". As manifestações clínicas observadas nestes animais incluíram efeitos periféricos muscarínicos e nicotínicos, além de efeitos centrais, característicos de estimulação de receptores colinérgicos. Em todos os animais fez-se o eletrocardiograma, avaliação dos reflexos miotáticos e testes posturais. O tratamento com atropina foi feito em todos os animais. Observou-se que dentre os cães, 7 apresentaram franca recuperação. Os outros 4 animais tiveram manifestações orgânicas que sugerem o desenvolvimento da síndrome intermediária (tremores, incoordenação motora, flacidez muscular, prostração, hiporreflexia e cabeça pendida), entre 17 a 24 horas após a recuperação da fase aguda. Um dos cães que desenvolveu a síndrome intermediária veio a óbito, enquanto os demais se recuperaram. Dentre os parâmetros avaliados durante o quadro agudo da intoxicação, apenas o teste do carrinho de mão poderia indicar a possibilidade de ocorrência da síndrome intermediária, uma vez que este foi negativo nos 4 cães que desenvolveram a síndrome intermediária e positivo em 6 dos 7 que não a desenvolveram. Nenhum dos gatos que sobreviveram a fase aguda da intoxicação apresentaram sinais clínicos da síndrome intermediária após a recuperação do quadro colinérgico agudo. Estes resultados mostraram que os cães e gatos intoxicados por inibidores da colinesterase, em especial, o \"chumbinho\", desenvolveram manifestações orgânicas compatíveis com o quadro clássico de intoxicação e apenas os cães manifestaram sintomatologia semelhante à síndrome intermediária descrita em seres humanos intoxicados por organofosforados.