Instrução formal de médicos residentes em técnicas de ensino

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2019
Autor(a) principal: Fakhouri Filho, Saadallah Azor
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/5/5169/tde-08052019-112238/
Resumo: Introdução: Médicos residentes (MR) representam uma grande força de trabalho na maioria dos hospitais universitários brasileiros. O contato destes com alunos da graduação e do internato acrescenta atividades didáticas ao seu repertório diário de atividades assistenciais. Estudos norte-americanos e canadenses demonstram que até 25% do tempo de trabalho de médicos residentes é exercido como atividade de ensino. Pesquisadores apontaram que alunos de medicina creditam aos MR30-85% de toda a teoria clínica adquirida na graduação. Nos Estados Unidos criaram-se programas de capacitação didática, conhecidos como \"Residents as Teachers\" (RaTs) - residentes como professores, atualmente presentes em 80% daquelas instituições. Em nosso meio, todo esse contato se dá com pouco ou nenhum treinamento formal dos residentes em técnicas de ensino. No presente estudo investigou-se a hipótese de que o treinamento formal de MR em técnicas de ensino poderia aumentar o desempenho em habilidades de ensino clínico. Métodos: Estudo prospectivo, onde escores pré e pós-intervenção foram aferidos por meio de atividades simuladas desenvolvidas, especificamente, para este fim. Quarenta e nove médicos residentes dos programas de clínica médica, cirurgia geral, dermatologia e infectologia da Universidade Federal de Uberlândia participaram do estudo. Foram elaboradas 4 estações simuladas para avaliação de habilidades didáticas em cenários de ambulatório, enfermaria, unidade de emergências e durante a orientação de um procedimento. Todos os MR tiveram seus desempenhos gravados em vídeo para avaliação posterior, por 3 investigadores independentes, que atribuíram escores padronizados para cada cenário. Os MR foram avaliados em 3 etapas, com 1 semana de intervalo entre elas: basal (D1), após primeira intervenção (D2), após segunda intervenção (D3). A intervenção principal baseou-se no método de ensino clínico \"Preceptoria em um Minuto - PEM\" e uma intervenção controle de comunicação de más notícias. Os residentes foram randomizados eletronicamente quanto à ordem de recebimento de cada uma das intervenções após D1. Todos os residentes foram submetidos às intervenções, principal e controle, com uma semana de intervalo, de acordo com a randomização. Resultados: Houve aumento estatisticamente significativo nos escores das avaliações de desempenho dos MR quando comparadas avaliações pré e pós-intervenções nas estações enfermaria e procedimento. As estações emergência e ambulatório produziram baixas confiabilidades entre avaliadores. Na estação enfermaria, foram observadas medianas de escores de 109,5 para a D1; 142,5 para D2 e 137,5 para D3, com diferença significativa entre as etapas de avaliação (p=0,009). Análise pós-hoc para comparação de pares demonstrou diferença significativa entre D1 e D2 (p=0,011). Análise de confiabilidade da estação enfermaria pela teoria da generalização (teoria G) demonstrou coeficientes de 0,545 para D1; 0,702 para D2 e 0,860 para D3. Os coeficientes de consistência interna e confiabilidade entre avaliadores foram respectivamente 0,913 e 0,595. Na estação procedimentos, foram observadas medianas de escores de 99 para D1; 119 D2; e 119,5 D3. Houve diferença significativa entre as etapas de avaliação com p < 0,001. Análise pós-hoc para comparação de pares demonstrou diferença significativa entre D1 e D2 (p=0,001) e entre D1 e D3 (p= 0,004). Coeficientes G para as etapas de avaliação da estação procedimentos foram calculados em 0,683 para D1; 0,681 para D2 e 0,670 para D3. Consistência interna resultou um coeficiente de 0,726 e a confiabilidade entre avaliadores 0,772. Conclusões: O presente estudo demonstrou ganho na aquisição de habilidades de ensino clínico, em MR brasileiros após intervenção específica com método PEM. Observou-se aumento progressivo da confiabilidade geral para a estação enfermaria, com um coeficiente condizente com avaliações de alto padrão obtido em D3. A estação enfermaria também produziu uma alta consistência interna e confiabilidade moderada entre avaliadores. A estação procedimentos produziu coeficientes de confiabilidade bons, porém estáveis através das etapas do estudo. As estações emergência e ambulatório produziram coeficientes de confiabilidade entre observadores ruins, o que prejudicou a análise final dos resultados