Sorotipos e perfil de resistência antimicrobiana do Streptococcus pneumoniae: implicações clínicas na doença invasiva e no programa nacional de imunização (1998-2013)

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2015
Autor(a) principal: Medeiros, Marta Inês Cazentini
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/22/22132/tde-28012016-144027/
Resumo: As infecções por Streptococcus pneumoniae (pneumococo) ainda desafiam os sistemas de saúde em todo mundo. Este é um estudo observacional, de seguimento retrospectivo, que avaliou aspectos microbiológicos e clínicos das cepas de pneumococo isoladas de pacientes com doença invasiva pneumocócica (DIP) isolados nos Departamentos Regionais de Saúde (DRS) de Araraquara, Barretos, Franca e Ribeirão Preto, em um período de 16 anos (1998-2013). As informações foram obtidas junto ao Instituto Adolfo Lutz e, no banco de dados do Hospital das Clínicas de Ribeirão Preto (HCRP). Analisou-se 796 linhagens, com predominio do gênero masculino (58,9%), da faixa etária de 20 a menores de 60 anos de idade (32,2%) e do período de 2003 a 2010 (60,2%). As DIPs mais comuns foram a meningite (45,7%) e a pneumonia (45,0%). Quanto aos sorotipos mais frequentes, observou-se em 83,3%: 14, 3, 19F, 1, 6A, 6B, 23F, 9V, 18C, 19A, 12F, 4, 7F, 5, 22F, 11A, 8, 9N, 10A e 15C, sendo o 14 o mais comum nos quatro DRS estudados. Os sorotipos 14, 3 e 19F foram mais frequentes na meningite, enquanto os sorotipos 14, 3 e 1 na pneumonia. Após 2010, verificou-se diminuição dos sorotipos 14, 1, 23F e 5 e aumento de 12F, 11A e 8, não contidos na vacina. A resistência à penicilina foi de 14,8%, sendo 3,0% resistência intermediária e 11,8% de resistência plena. Para ceftriaxona, 5,3% foram não sensíveis. A sensibilidade ao cloranfenicol, eritromicina e ceftriaxona manteve-se acima dos 90%, no período estudado. O maior nível de resistência foi observado para Sulfametoxazol/trimetoprim (49,4%). Destaca-se o aumento dos sorotipos 12F, 11A e 8 após a vacinação, considerando que nenhum deles compõe as vacinas conjugadas disponíveis. Observou-se variabilidade de resistência entre os diferentes sorotipos de pneumococo. A DIP mais frequente nos pacientes cadastrados no HCRP foi a pneumonia (67,8%), seguida da meningite (22,9%) tendo como sorotipos mais frequentes 14, 6A, 23F, 1, 3, 18C, 19F, 12F, 4,9V, 6B e 19A. Destes pacientes 67,5% apresentaram cura sem sequelas, 6,9% tiveram algum tipo de sequela e 25,6% evoluíram para óbito. A pneumonia causou 18,2% dos óbitos, principalmente na faixa etária de 20 a menores de 60 anos de idade. Os sorotipos 12F, 14, 18C, 9V, 18A, 19A e 23F foram responsáveis por 64,9% dos óbitos por meningite, enquanto os sorotipos 3, 14, 9V, 6B, 23F e 19F estiveram envolvidos em 63,4% das mortes por pneumonia. Entre os pacientes que morreram 68,2% tinham algum tipo de comorbidade, sendo HIV/AIDS, alcoolismo e câncer as mais comuns. A faixa etária com 60 anos ou mais foi a mais significativa (OR=4,2) para o insucesso, independente da presença de comorbidade. A presença do sorotipo 18C foi fator de risco significativo tanto na análise bruta (OR=3,8), quanto ao ajustar por comorbidade (OR=5,0) ou ajustada por idade (OR=5,4). O mesmo ocorreu para o sorotipo 12F (respectivamente, OR=5,1, OR=5,0 e OR=4,7). Observou-se alterações na circulação de alguns sorotipos de pneumococo no período pós VPC10. Ressalta-se a importância da continuidade da vigilância das DIPs, afim de determinar oscilações clínicas e microbiológicas da doença. Além disto, na era das vacinas conjugadas, o contínuo monitoramento sobre a distribuição de sorotipos na população é necessário para a avaliação do impacto e adequação da imunização