Reparação pós-exodôntica em pacientes com diabetes tipo 2

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2013
Autor(a) principal: Fernandes, Karin Sá
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/23/23141/tde-20022014-161716/
Resumo: A hiperglicemia, bem como o diabetes, é reconhecida como fator de risco para infecções pós-cirúrgicas, assim manter o controle glicêmico perioperatório tem sido padrão de cuidado em saúde. Entretanto há poucos estudos sobre o impacto do controle glicêmico no processo de reparação de cirurgias de extração dentária. Apesar da escassez de estudos e de evidências clínicas e científicas que investiguem o risco de infecções pós-exodônticas em pessoas com diabetes, existem livros, artigos e guias que recomendam aos dentistas o uso de antibióticos profiláticos nesses indivíduos, especialmente para aqueles descompensados. O objetivo deste estudo foi avaliar clinicamente a cicatrização pós-exodôntica, em relação à cronologia dos eventos reparacionais e em relação à ocorrência de complicações pós-operatórias, em indivíduos com diabetes tipo 2 comparados a um grupo controle. Além disso, procuramos relacionar os eventos pós-cirúrgicos com o controle metabólico e com o perfil imunológico dos pacientes. Este estudo prospectivo longitudinal caso controle incluiu 53 indivíduos com diabetes tipo 2 (grupo de estudo=GE) e 29 indivíduos sem diabetes (grupo controle=GC). Foi aplicado questionário sobre a história médica, realizados exames clínicos intraoral e extraoral e exames laboratoriais para conhecimento do controle glicêmico e do perfil imunológico do indivíduo, tais como, hemograma completo, hemoglobina glicada (A1C), glicemia de jejum, IgA, IgG, IgM, C3, C4, linfócitos T CD3+, CD4+, CD8+, quimiotaxia de neutrófilos, oxidação de neutrófilos, fagocitose de neutrófilos e monócitos. Todos os participantes foram submetidos a extrações padronizadas de dentes erupcionados e as avaliações clínicas foram realizadas 3, 7, 21 e 60 dias após a cirurgia. A frequência de complicações pós-operatórias foi maior no GC, no qual 7 de 29 pacientes (24%) exibiu pelo menos uma complicação a saber: trismo (1 caso), queixa de paladar desagradável (3 casos), inapetência (1 caso) e queixa de indisposição (2 casos) (p=0,005). No GE apenas 1 sujeito (1,9%) exibiu complicação 13 uma vez que queixou-se de paladar desagradável, apesar de 36 (67,9%) pacientes desse grupo apresentarem hiperglicemia no momento da cirurgia, da maioria estar com o diabetes descompensado (A1C>6,5%) e apesar da maioria apresentar diminuição da quimiotaxia dos neutrófilos. Apesar da ocorrência de complicações, nenhum participante, de nenhum grupo, precisou tomar antibiótico e após 60 dias da exodontia todos os alvéolos dentais estavam reparados. O atraso na epitelização da ferida cirúrgica foi observado apenas no GE, onde 9 (17%) casos apresentaram incompleta epitelização nesse tempo pós-operatório (p=0,023). Não houve relação deste atraso com nível de A1C, diminuição da quimiotaxia de neutrófilos, diminuição da fagocitose dos neutrófilos e nem com a diminuição de oxidação dos neutrófilos. Nossos resultados permitiram concluir que o diabetes tipo 2 não representa um fator de risco para ocorrência de complicações pós-exodônticas. Podemos inferir que pessoas com diabetes tem risco aumentado de atraso na epitelização da ferida cirúrgica, mas que esse atraso não tem impacto na reparação final do alvéolo.