Registro sedimentar quaternário na bacia do Rio Parnaíba, Piauí: um estudo multi-indicadores voltado à investigação de mudanças climáticas

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2016
Autor(a) principal: Mendes, Vinícius Ribau
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/44/44141/tde-27032017-090701/
Resumo: De maneira geral, são escassos os trabalhos sobre a resposta da paisagem frente a mudanças climáticas ocorridas ao longo do Quaternário tardio. No contexto do sertão nordestino, em particular, essa abordagem permanece inédita. O paradigma atual sobre os mecanismos envolvidos nas variações de precipitação sobre a América do Sul é o de que, durante eventos de resfriamento do Hemisfério Norte, a migração para sul da banda de umidade conhecida com Zona de Convergência Intertropical promove aumento na precipitação de boa parte do continente sul-americano. No entanto, a validade deste modelo geral para a região do semiárido do Nordeste brasileiro ainda carece ser testada. Nesse contexto, a meta deste trabalho foi avaliar as mudanças climáticas ocorridas ao longo do Quaternário tardio no semiárido do Brasil e suas influências na evolução da paisagem. Para acessar essas informações, foi estudada a bacia hidrográfica do Parnaíba, dividida em três áreas principais: I - região do Parque Nacional Serra da Capivara (PNSC), patrimônio mundial reconhecido pela UNESCO pela sua importância arqueológica e que abriga milhares de lagos sazonais, três deles, pelo menos, com grande quantidade de fósseis de megafauna; II - médio e baixo curso do rio Parnaíba, elo de ligação entre as áreas I e II; e III - testemunho marinho coletado próximo à Foz do Parnaíba, registro mais completo possível para mudanças na vazão do rio e consequentemente na precipitação sobre o continente. Os resultados obtidos a partir do estudo do testemunho marinho validaram as informações já existentes de modelos matemáticos para a região da bacia do Parnaíba. Já as análises feitas em sedimentos argilosos de um dos lagos sazonais confirmaram a validade destes modelos para a região do PNSC. Com base na estratigrafia dos lagos e drenagens, foi possível acessar as mudanças ocorridas na paisagem. Concluiu-se que a formação dos lagos está ligada ao ciclo de instalação e abandono da rede de drenagens decorrente da alternância, respectivamente, de eventos de elevada e reduzida precipitação. Entre os eventos de precipitação elevada, incluem-se, por exemplo, os Heinrich. No contexto da transição de sistemas fluviais permanentes para sazonais, a ocorrência de fósseis em apenas alguns lagos é explicada pela presença de armadilhas no leito fluvial, por exemplo o afloramento de gnaisse na Lagoa dos Porcos, que barraram os ossos transportados pelo rio. O modelo deduzido para formação dos lagos sazonais da região estudada poderá ser provavelmente extrapolado para outros lagos sazonais com características geomorfológicas similares, encontrados em áreas de clima semiárido ao redor do mundo.