Análise comparativa de aspectos demográficos, clínicos, bioquímicos e preditores de mortalidade de pacientes com SDRA com e sem COVID-19

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2024
Autor(a) principal: Paulo, Matheus Furlan
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/17/17137/tde-23012025-094518/
Resumo: Introdução: A Síndrome do Desconforto Respiratório Agudo (SDRA) é definida como uma insuficiência respiratória de origem pulmonar e não cardiogênica, ocasionando processo inflamatório e alterações pulmonares graves, com alta mortalidade. A pandemia de COVID-19 trouxe um aumento significativo na incidência de SDRA, desses pacientes internados na unidade de terapia intensiva (UTI). Objetivos: Comparar as diferenças nas variáveis demográficas, clínicas e bioquímicas e preditores de mortalidade nas duas situações distintas de causa de SDRA (COVID-19 vs. NÃO-COVID-19). Métodos: O estudo foi observacional, retrospectivo e comparativo com base em análises de prontuários de pacientes com diagnóstico CID-10 J80 (SDRA) admitidos nos leitos de uma UTI de um hospital universitário (Hospital das Clínicas de Ribeirão Preto - FMRP/USP). Os indivíduos foram alocados em dois grupos, o primeiro grupo continha o diagnóstico de SDRA NÃO-COVID-19, e no outro SDRA-COVID. Foram realizados o teste para duas amostras independentes (rank-sum) de Mann-Whitney para as variáveis quantitativas e o teste exato de Fisher para as variáveis qualitativas. Resultados: Do grupo total (n=115) de pacientes que apresentaram SDRA, 53 pacientes eram SDRA COVID-19 e 62 eram SDRA NÃO-COVID-19. O grupo SDRA COVID-19 consistiu em 33 pacientes do sexo masculino (66,2%)/20 do sexo feminino enquanto no grupo SDRA NÃO-COVID-19 apresentou 25 pacientes do sexo masculino (40,3%)/37 do sexo feminino (p=0,0248). A mediana e diferença interquartil de idade (em anos) do grupo SDRA COVID-19 foi de 64,0 [52,0-69,5] e SDRA NÃO-COVID-19 de 49,0 [34,0-63,0] (p=0,0011). Outras variáveis clínicas estatisticamente significantes em relação aos grupos SDRA (COVID-19 vs. NÃO-COVID-19) foram o IMC, o SAPS 3, o SOFA e o tempo de permanência na UTI, com valores de p de 0,0061, 0,0002, 0,0003 e <0,0001, respectivamente. Em relação às comorbidades mais presentes no grupo SDRA COVID-19 com diferença estatística importante foram o diabetes, a hipertensão arterial, trombose venosa, e a doença pulmonar obstrutiva crônica, com valores de p igual a <0,0001, 0,0234, 0,0358 e 0,0001, respectivamente. Por outro lado, o grupo com SDRA NÃO-COVID-19 apresentou uma necessidade maior de diálise (p=0,0109). A distribuição do tempo de sobrevivência para estes pacientes, considerando os tempos de permanência na UTI para os dois grupos de pacientes foi estatisticamente diferente (p=0,0011). Ao contrário, o tempo de sobrevivência hospitalar para os dois grupos não apresentou diferença (p=0,2280). A taxa global de mortalidade foi de 62,9% para o grupo SDRA COVID-19 e 77,4% e SDRA NÃO-COVID-19 (p=0,2950). Conclusões: Foram observadas diferenças estatisticamente significantes entre os dois grupos estudados, de características como a idade, o sexo, o IMC, o tempo de permanência na UTI. O SOFA e o SAPS 3 também apresentaram um comportamento diferente, tendo sido maior no grupo SDRA NÃO-COVID-19. Além disso, muitos parâmetros clínicos e ventilatórios da SDRA COVID-19 foram semelhantes quando comparados ao grupo de pacientes com SDRA NÃO-COVID-19. As características clínico-demográficas associadas à SDRA por COVID-19 relevantes como o sexo masculino, o diabetes, DPOC e o IMC foram fatores prognósticos independentes de gravidade nos pacientes com SDRA COVID-19, comparativamente aos demais pacientes com SDRA. Ainda, o desfecho (mortalidade) foi similar para os dois grupos estudados.