Polimorfismos genéticos dos receptores da Fcγ IgG nos pênfigos e no desfecho da resposta terapêutica ao Rituximabe

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2022
Autor(a) principal: Oliveira, Éderson Valei Lopes de
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/17/17138/tde-16112022-154816/
Resumo: Introdução: Pênfigos são dermatoses autoimunes, cujas bolhas intraepidérmicas decorrem do evento acantólise, resultante da deposição de autoanticorpos IgG4 nas desmogleínas (DSGs). DSGs são proteínas (família das caderinas) responsáveis pela adesão entre os queratinócitos. Pênfigo vulgar (PV) acomete pele e mucosas devido à produção de antiDSG1 e antiDSG3; pênfigo foliáceo (PF) acomete exclusivamente a pele, por antiDSG1. Receptores da fração c gama da imunoglobulina G (Fc&gamma;R IgG), que se encontram expressos nos leucócitos, são geneticamente determinados. Com as funções de ativar (Fc&gamma;RIIa, Fc&gamma;RIIIa, Fc&gamma;RIIIb) ou inibir (Fc&gamma;RIIb, Fc&gamma;RIIIa) respostas imunológicas e a depender do polimorfismo (SNP) herdado, observar-se maior ou menor resposta frente a condições infecciosas e autoimunes (i.e, lúpus eritêmatoso e artrite reumatoide). Quanto ao tratamento dos pênfigos, além da corticoterapia associada ou não a imunossupressores, Rituximabe (RTX, anti-CD20) tem-se destacado como opção terapêutica, porém SNPs Fc&gamma;R IgG podem interferir favorável ou desfavoravelmente na resposta observada. Hipótese: SNPs Fc&gamma;R IgG podem associar-se com suscetibilidade e/ou proteção a PV e PF, e com a resposta ao Rituximabe. Objetivos: Determinar as distribuições dos SNPs Fc&gamma;R IgG em pacientes com PV e PF, comparando-os a controles do sudeste brasileiro, região prevalente para pênfigos. Associar esses SNPs com o tempo de duração da completa remissão da doença (CR), nos PV e PF tratados com RTX. Casuística e métodos: Estudo analítico transversal, 225 pacientes: 117 PV (81 mulheres, 44,9±15,8 anos) e 108 PF (58 mulheres, 32,3±16,6 anos), comparados a 187 controles (106 mulheres; 49,0±20,4 anos); atendidos no HCFMRP/USP (janeiro, 2008 a dezembro, 2017). Dentre os 225 pacientes, 22 receberam RTX (14 PV, 9 mulheres, 39,21±14,67 anos; e 8 PF, 3 mulheres, 35 ±19,43 anos), entre 2009 a 2017. SNPs dos Fc&gamma;RIIa (rs1801274), Fc&gamma;RIIb (rs1050501), Fc&gamma;RIIIa (rs396991) e Fc&gamma;RIIIb (rs52820103) foram determinados por PCR (Polymerase Chain Reaction). Sequenciamento genético foi necessário para determinar o SNP Fc&gamma;RIIb. Os parâmetros duração da CR <14,5 meses e duração da CR &ge;14,5 meses foram estabelecidos para avaliar associações entre os SNPs e resposta ao RTX. Para análises das frequências alélicas e genotípicas, recorreu-se ao Teste de Fisher. Nível de significância: p <0,05. Software Statistical Package for Social Science [SPSS versão 22.0 (Inc.Chicago.IL)]. Resultados: SNP Fc&gamma;RIIa associa-se com PV, mas não com gênero ou formas clínicas: a variante alélica R131 prevalece no PV ao comparar com PF e controles (p = 0,012 e p = 0,008, respectivamente); o genótipo RR131 prevalece no PV em relação aos controles (p = 0,030), configurando suscetibilidade. O genótipo HH131 associa-se com proteção ao PV quando comparado com PF e controles (p = 0,012 e p = 0,008, respectivamente). O SNP Fc&gamma;RIIIa associa-se com PF, mas não com formas clínicas: genótipos VV158 e FF158 prevalecem no PF ao comparar com PV e controles (p = 0,0002 e p <0,0001; p <0,0001 e p <0,0001, respectivamente). Nos pacientes PF, genótipo VV e alelo V associam-se com o gênero feminino. SNPs Fc&gamma;RIIb e Fc&gamma;RIIIb: sem associações com PV e PF. A combinação haplotípica HR+IT+VF+*01/02 encontra-se mais frequente no PV e nos controles quando comparados com PF (p = 0,007 e p = 0,046, respectivamente). A ausência desta combinação sugere proteção ao PF. Dentre os 22 pacientes tratados com RTX, não há associações entre os SNPs Fc&gamma;RIIa, IIb, IIIa e IIIb, seja naqueles com CR <14,5 meses, seja nos que alcançaram CR &ge;14,5 meses. Conclusões: SNPs Fc&gamma;R IgG associam-se com PV e PF no sudeste do Brasil. O alelo Fc&gamma;RIIaR associa-se com suscetibilidade ao PV. Os genótipos Fc&gamma;RIIIaVV e Fc&gamma;RIIIaFF associam-se com suscetibilidade ao PF. O alelo Fc&gamma;RIIIaV e o genótipo Fc&gamma;RIIIaVV, no PF, associam-se com o gênero feminino. A ausência da combinação HR+IT+VF+*01/02 sugere proteção ao PF. Não se observa associações entre os SNPs Fc&gamma;RIIb e IIIb com PV ou PF. Tempo prolongado de CR após uso do RTX não se associa com os SNPs avaliados.