Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: |
2003 |
Autor(a) principal: |
Simão, Cristiana Guimarães |
Orientador(a): |
Não Informado pela instituição |
Banca de defesa: |
Não Informado pela instituição |
Tipo de documento: |
Dissertação
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Tipo de acesso: |
Acesso aberto |
Idioma: |
por |
Instituição de defesa: |
Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
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Programa de Pós-Graduação: |
Não Informado pela instituição
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Departamento: |
Não Informado pela instituição
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País: |
Não Informado pela instituição
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Palavras-chave em Português: |
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Link de acesso: |
https://teses.usp.br/teses/disponiveis/11/91131/tde-20231122-100946/
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Resumo: |
O Vale do Ribeira, litoral sul do estado de São Paulo, é uma das regiões brasileiras com um dos processos de colonização mais antigos. Isto possibilitou a formação de diversas comunidades tradicionais através da miscigenação de portugueses, índios e negros, destacando-se as populações caiçaras. Atualmente a região possui grande importância em relação à conservação ambiental, já que concentra os maiores e mais contínuos remanescentes de Mata Atlântica de São Paulo. A comunidade caiçara denominada Cachoeira do Guilherme está inserida em uma unidade de conservação que não permite a presença de populações, a Estação Ecológica Juréia-Itatins (EEJI), SP. O objetivo da pesquisa foi caracterizar o sistema produtivo dessa comunidade desde a sua formação até os dias atuais. Para isso foram utilizadas metodologias etnobiológicas, principalmente entrevistas. Resultados demonstraram que a comunidade passou por quatro ciclos econômico-culturais, que influenciaram diretamente a forma com que se relaciona com a Mata Atlântica. A Cachoeira do Guilherme passou por um significativo processo de êxodo rural, em função das restrições impostas a partir da criação da EEJI, sendo que hoje vivem na comunidade apenas 10 pessoas. Atualmente os sistemas de produção consistem basicamente na agricultura itinerante voltada à subsistência e nos quintais agro-florestais, já que são as únicas atividades permitidas pela administração da EEJI. Os quintais agroflorestais ocupam uma área de aproximadamente 0,5 ha cada um; apresentam elevada diversidade de espécies, com um total de 104 plantas úteis, sendo a maioria medicinal, seguida das alimentícias. A comunidade identifica 600 ha como sendo sua área tradicional de uso agrícola e atualmente tem usado para a agricultura itinerante 0,5 ha por ano, que corresponde à 0,08% da área total de uso agrícola. De acordo com medidas de sustentabilidade (Barris, 1994) o uso inferior a 5% por ano da área disponível para a agricultura itinerante indica que a mesma é sustentável. A área ocupada pelos dois sistemas de produção é de aproximadamente 6,5 ha, que corresponde a 1,1 % da área agrícola total. Os principais cultivos nos roçados são o arroz e a mandioca, utilizada principalmente para fabricar farinha. O palmito (Euterpe edulis) é uma espécie potencial para um manejo sustentável. Portanto, a partir dos resultados obtidos, se faz necessária uma revisão de critérios na EEJI, para a criação de zonas de manejo agroflorestais na área de entorno da comunidade, englobando a agricultura itinerante, os quintais agroflorestais e o manejo de palmito. Essa mudança de paradigma irá contribuir na manutenção da cultura caiçara e de conservação da Mata Atlântica local. |