Representações dos discursos da FRELIMO na literatura moçambicana: análise de O regresso do morto, de Suleiman Cassamo e Orgia dos loucos, de Ungulani Ba Ka Khosa

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2017
Autor(a) principal: Lopes, Laíz Colosovski
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/8/8156/tde-12062017-115308/
Resumo: O presente trabalho busca estabelecer diálogos entre os discursos produzidos pela FRELIMO, durante o processo de independência e os primeiros anos de governo, e duas obras literárias, nomeadamente O regresso do morto (1989), de Suleiman Cassamo e Orgia do Loucos (1990), de Ungulani Ba Ka Khosa. Ao longo de sua constituição enquanto movimento de resistência ao colonialismo e, após a independência, como partido político, a FRELIMO estabeleceu diversas diretrizes de governo visando a construção de uma nação moçambicana que repudiasse os mecanismos de exploração colonial e promovesse a igualdade e o respeito entre todas as populações moçambicanas, possibilitando assim melhorias na qualidade de vida dessas populações. As duas obras estudadas, no entanto, pertencem ao movimento literário promovido pela publicação da revista Charrua, que procurava promover reflexões sobre a situação de Moçambique após quase uma década de independência, permitindo a observação de problemáticas e contradições relacionadas à realidade social do país, refletindo sobre o quanto essa realidade se aproxima ou se distancia dos objetivos propostos pelo partido. Para observar estas contradições, foram utilizados ao longo da pesquisa alguns discursos proferidos por Samora Machel, tais como A libertação da mulher é uma necessidade da revolução, garantia de sua continuidade, condição de seu triunfo, de 1973, e Educar o homem para vencer a guerra, criar uma sociedade nova e desenvolver a pátria, também de 1973, além de diversas pesquisas de historiadores, cientistas políticos e antropólogos. Em O regresso do morto podemos observar uma certa anuência aos discursos frelimistas no que tange a um ideal de nação proposto durante o processo de independência e ao longo dos primeiros anos de governo. Por meio de narrativas que transmitem a esperança do surgimento de um país livre e independente, forjado por meio dos esforços individuais de cada moçambicano, Cassamo reafirma possibilidades de convivências harmoniosas entre as populações e a superação de obstáculos advindos do duro processo colonial, de acordo com preceitos já estabelecidos nos discursos frelimistas. Por outro lado, Khosa opta por construir, em suas narrativas, tramas que apontam para a insuficiência desses discursos na nova sociedade moçambicana, destacando as fragmentações impostas pelos anos de colonialismo, a burocratização do estado, bem como o distanciamento do governo moçambicano da realidade social do país, dificultando o acesso das populações moçambicanas à serviços básicos e a uma vivência plena de suas culturas e diferenças.