Configurações organizativas na busca por melhores condições de vida: o centro de educação popular, das reivindicações ao atendimento.

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2008
Autor(a) principal: Souza, Carolina Bratfisch Prado de
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/47/47134/tde-13022009-100210/
Resumo: O objetivo deste estudo foi pesquisar os diferentes processos organizativos que configuraram o Centro de Educação Popular da Vila Nossa Senhora Aparecida (CEP-VNSA), que se iniciou como movimento social formado por moradores de uma favela na periferia leste da cidade de São Paulo, na década de 1980 e que atua hoje como entidade social prestadora de serviços de educação para crianças e jovens moradores da vila. A pesquisa configurou-se no campo de estudo da Psicologia Social, tendo como estratégia teóricometodológica a análise de discurso e como escopo teórico a leitura de configurações organizativas como processo social fruto de relações intersubjetivas. Os procedimentos utilizados foram a análise de documentos, visitas à instituição e entrevistas com participantes da organização. Constatou-se que em seu início, a organização e as reivindicações dos moradores lograram importantes conquistas para a favela, como a instalação de infra-estrutura pública básica, apoiadas pela estrutura das comunidades eclesiais de base. A oportunidade de fazer amizades e de construir espaços de sociabilidade para muitos migrantes que ali moravam, catalisaram as sementes para a organização inicial, construindo formas de lidar com o contexto de violência e de precariedade de condições de vida. Contudo, as condições materiais não fomentaram o início da organização per se. Discursos e sentidos foram construídos e apoiaram a organização num contexto sócio-político determinado. O discurso da Teologia da Libertação desempenhou papel importante no apoio à formação de novos sentidos em relação ao ser morador de favela, valorizando-o e qualificando-o como portador de direitos e agente de transformação, em oposição ao discurso hegemônico do preconceito dirigido à favela e a seus moradores. A capacidade de mobilização comunitária e de reivindicação de direitos entrou em declínio a partir da década de 1990 e a configuração organizativa mais fortemente voltada a reivindicar direitos do Estado, institucionalizou-se, nos moldes de uma Organização Não-Governamental (ONG). A sobrevivência da instituição passa a ser uma de seus principais motores. O CEP se encontra atualmente sob forte influência do discurso das ONGs, com sua exigência por eficiência e racionalidade na execução de projetos. Constata-se que alguns participantes expressam um sentimento de nostalgia em relação ao passado e de que algo se perdeu. Há o desejo de que a organização mobilize a comunidade, o que não acontece. É possível que a lembrança do passado heróico do CEP, atue como uma sombra que acusa toda ação presente de ineficiente ou pequena, perto dos embates do povo frente à prefeitura e das conquistas do passado.