Redes de interação entre gregos e não gregos: os frúria da hinterlândia da Sicília grega

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2018
Autor(a) principal: Lo Monaco, Viviana
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/71/71131/tde-23112018-093434/
Resumo: A antiga literatura grega nos transmitiu um rico vocabulário para descrever a maneira de viver dos povos helênicos espalhados pelo Mediterrâneo. Essas mesmas palavras foram usadas para definir formas de organização social e urbana dos povos não gregos, das quais, porém, não conhecemos exatamente as suas estruturas e o léxico originário. O substantivo frúrion, cujo significado principal, a partir da época clássica, é fortaleza, posto fortificado, em Diodoro Sículo, historiador romano de língua e cultura grega, alterna-se a pólis para nomear as cidades indígenas. Os pesquisadores da Sicília grega passaram a usar a palavra para se referir às cidades nativas que mostram uma forte caracterização helênica após o seu contato com os ápoikoi. O propósito do presente estudo é indagar os assim-chamados frúria da Sicília central, a Sicania, prestando uma atenção particular à paisagem em que eles se desenvolveram, às suas estruturas urbana e extra-urbana e à manifestação por meio da cultura material do envolvimento entre as culturas grega e não grega, do final do VII ao IV séc. a.C. Embora o seu aparente isolamento geográfico, esta região desde o Neolítico esteve envolvida nos trânsitos que interconectavam diversas áreas da bacia do Mediterrâneo, mantendo, todavia, um certo conservadorismo, que ainda no V séc. a.C. a caracterizava. Entre o começo e a metade do VI séc. a.C., essa área entrou na órbita de interesse da componente ródio-cretense, entrelaçando com ela relações prevalentemente pacíficas e que foram evoluindo conforme as contingências históricas que determinavam as necessidades e os interesses de uma ou outra parte. As cidades indígenas assumiram papeis particulares com base nas peculiaridades geográficas ou culturais que as distinguiam e em sintonia com a nova realidade política. Entre os elementos levantados, observamos que a escolha do lugar para o assentamento, a organização do espaço urbano e a relação com a economia monetária dos nativos são uma expressão eloquente da nova realidade cultural que começou se configurar a partir do momento do contato entre as duas entidades. As populações locais, com efeito, ainda que adotando, em alguns casos, formas arquitetônicas helênicas, se organizaram no terreno de uma maneira bem diferente do típico esquema ortogonal das apokias; igualmente, elas aceitaram com dificuldade o sistema monetário como veículo de escambo, continuando a preferir o metal a peso, e por isso as moedas de bronze pesado de Akragas foram as mais difundidas e continuaram circulando também após a sua emissão oficial. Os indígenas permaneceram assentados nos cumes das colinas mais altas até o final do V séc. e, conforme a nossa proposta, esse padrão começou a mudar só a partir do IV séc. a.C., quando aos cidadãos locais se uniram os mercenários principalmente de origem peninsular.