Abjeção e migração: deslocamentos clínicos do enigma do dejeto às autorizações do desejo

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2021
Autor(a) principal: Castelli, Andressa Carvalho
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/47/47133/tde-13092021-142753/
Resumo: No campo dos estudos em psicanálise e política, esse trabalho é uma investigação a respeito dos efeitos psíquicos da abjeção sobre os sujeitos migrantes, fenômeno que os tornam ininteligíveis do ponto de vista da sua condição desejante. Partindo dos pressupostos de uma psicanálise implicada em escutar o sofrimento sócio-político e seus efeitos sobre as subjetividades, contamos como nossa experiência de prática clínica na instituição Casa do Migrante, através do Grupo Veredas Psicanálise e Imigração, nos levou a reconhecer no território as práticas discursivas de uma biopolítica que, historicamente, torna os migrantes sujeitos (in)desejados. Para tanto, nos filiamos epistemologicamente à uma plurdisciplinaridade teórica, um jogo de extraterritorialidades entre saberes que dialoga com as vicissitudes de uma prática clínica extramuros, buscando reforçar o caráter migrante do próprio saber psicanalítico. Situando esse saber na apreensão do conceito de abjeção na obra Poderes do Horror: ensaio sobre Luís Ferdinand Céline, de Kristeva, através do seu estudo e a partir de levantamento bibliográfico sobre outras teorias da abjeção, somos deslocados a um outro questionamento, que interroga as possibilidades mesmas de pensar a abjeção enquanto um efeito. No cerne dessa discussão, debate-se a remissão dessa teoria da abjeção a uma topologia e uma compreensão de enigma exclusivos, que parecem desconsiderar o papel da contingência e do sofrimento sócio-político. Após a apresentação dessa discussão, em que propomos esforços e deslocamentos clínicos em direção a uma teoria clínica crítica da abjeção, articulando a posição social de reconhecimento do migrante ao seu desejo, suas posições no laço social, refletimos sobre o que a própria prática clínica pode informar e deslocar a respeito do fenômeno da abjeção. Produzimos narrativas sobre as expriências clínicas através de diário bordo, sofisticando-as posteiriormente na composição de uma vinheta clínica na qual se produziu uma análise que leva em consideração a marca do caso e linhas narrativas que nos levaram a pensar os efeitos psíquicos da abjeção e os deslocamentos em torno desse conceito, problematizando os fatos clínicos da transferência, da repetição e do reconhecimento. Por fim, baseados nos deslocamentos desse percurso, relançamos os desafios que persistem em torno desses debates que fazem da abjeção essa vereda inescapável e difícil em psicanálise