Fatores de risco para óbito e tempo de internação em pacientes com COVID-19 em uso de cloroquina e hidroxicloroquina: estudo de coorte retrospectivo

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2023
Autor(a) principal: Costa, Ingred Lopes da
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/22/22132/tde-08032024-124428/
Resumo: Objetivos: Comparar os desfechos clínicos e a sobrevida de pacientes adultos com COVID-19 expostos e não expostos a tratamento medicamentoso com cloroquina e hidroxicloroquina. Método: Trata-se de um estudo de coorte retrospectiva com dados coletados em um hospital de Vitória. Foram incluídos todos os pacientes de enfermarias e Unidade de Terapia Intensiva (UTI) com idade igual ou superior a 18 anos, com diagnóstico confirmado de COVID-19, ou seja, com PCR positivo para a infecção, atendidos no hospital entre 26 de fevereiro a 31 de dezembro de 2020, e com registro de alta hospitalar por motivo de óbito ou não óbito. Aplicou-se a estatística descritiva (frequência absoluta e relativa) e teste do Qui-quadrado e Exato de Fisher para verificar associação entre as variáveis dependentes e independentes, considerando o índice de confiança (IC) de 95%. As variáveis contínuas foram analisadas por meio de medidas de tendência central (mínimo, máximo, média, mediana e desvio padrão). Para avaliar a existência de diferença nas médias com relação ao desfecho do tratamento medicamentoso para as variáveis contínuas, utilizou-se o teste não paramétrico de Mann-Whitney. Aplicou-se o método de Kaplan Meier para comparar o tempo de tratamento e demais variáveis independentes de interesse. Por fim, para analisar o tempo de internação até a ocorrência de óbito, utilizou-se o modelo de regressão de Cox com os respectivos riscos bruto e ajustado. As análises foram realizadas no programa R versão 4.1.2. e, em todas, considerado o nível de significância de 5% e intervalo de confiança de 95% (IC95%). Resultados: A amostra foi composta por 896 indivíduos; a maioria com idade média de 53,4 anos, do sexo feminino, etnia parda, casada, com ensino médio completo, não tabagista. O tempo médio de internação foi de 9,77 dias e 7,13 dias de tratamento medicamentoso para COVID-19. Cerca de 42,1% apresentaram mais de duas comorbidades e as mais prevalentes foram diabetes mellitus tipo 2 (45%), hipertensão arterial (44,9%) e doença pulmonar obstrutiva crônica (14,6%). Durante a internação, 16,4% dos indivíduos precisaram de ventilação mecânica e 51,3% utilizaram cloroquina ou hidroxicloroquina durante a internação. Evoluíram para óbito 99 indivíduos. Ainda, houve a utilização de mais de três medicamentos por 873 pessoas. Na análise bivariada, estiveram associados ao tratamento com cloroquina ou hidroxicloroquina a idade (p=0,0045), ventilação mecânica (p=0,0010), parada cardiorrespiratória (p=0,0010), hipoglicemia (p=0,0310), polifarmácia (p=0,0010) e número de comorbidades (p=0,0010). A taxa de ocorrência de óbitos em pessoas divorciadas (OR: 2,4904; p=0,398; IC 95% 0,9125-0,4438) e viúvas (OR: 1,9823; p=0,0277; IC 95% 0,6842-0,3108) foi maior do que em pessoas casadas. A taxa de ocorrência de óbito entre pessoas com escore qSOFA positivo foi 2,70 (OR: 2,7018; p=0,0009; IC 95% 0,9939-0,2981) vezes maior do que as com escore qSOFA negativo. Na análise de associação entre ventilação mecânica e demais variáveis independentes, entre os indivíduos que não faziam o uso da ventilação mecânica, os viúvos e os que apresentavam qSOFA positivo apresentaram mais chance de óbito. O índice de massa corporal (IMC) elevado apresentou-se como fator protetor, tido que a chance de óbito reduziu em 10,97% para cada aumento de 1 unidade no IMC entre os indivíduos em ventilação mecânica. Por fim, no modelo completo do ajuste de efeitos principais com base nos estratos de ventilação mecânica, para analisar a homogeneidade dos grupos, os resultados encontrados acerca do risco em divorciados, viúvos e qSOFA positivo permaneceram conforme análises anteriores. Conclusão: dos 11% dos pacientes com COVID-19 que evoluíram para o óbito, 6,8% fizeram uso de cloroquina ou hidroxicloroquina. As taxas de sobrevivência apresentaram-se menores em pacientes indígenas, do sexo masculino, viúvos e que fizeram uso de ventilação mecânica. Ainda, o baixo IMC foi considerado fator de risco para a mortalidade em pacientes com COVID-19 em ventilação mecânica, já o estado civil destacou-se como fator protetor em pessoas casadas.