Efeitos sinérgicos das pandemias de obesidade e COVID-19 na população brasileira em 2020-2021

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2024
Autor(a) principal: Ferraz, Fabiana Ribeiro
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/6/6138/tde-13112024-175936/
Resumo: Introdução: Desde março de 2020, a pandemia do COVID-19 alcançou 775 milhões de infecções e 9 milhões de óbitos. Até dezembro de 2021, o Brasil apresentava o segundo número mais elevado de mortes e o terceiro de infecções confirmadas pelo vírus. Há mais de duas décadas, o país vivencia a pandemia de obesidade, que atualmente atinge 20% da população adulta. A relação sinérgica entre as pandemias da obesidade e do COVID-19 estimula análises sobre riscos e efeitos individuais e contextuais na população brasileira. Objetivo: Analisar os efeitos da obesidade no risco de infecção, no agravamento da infecção e no risco de óbito por COVID-19, e suas distribuições demográficas, geográficas e sociais no Brasil. Métodos: Foram utilizados dados do Sistema de Informação de Vigilância Epidemiológica da Gripe (SIVEP-Gripe) e IBGE sobre o Produto Interno Bruto (PIB) dos municípios coletados entre janeiro de 2020 e fevereiro de 2021 seguindo uma metodologia de identificação de código municipal unificado para construção do banco de dados. A análise descritiva inicial estimou a frequência de infecção por COVID-19, hospitalização, óbito, obesidade e outras comorbidades pré-existentes, estratificadas por fatores sociodemográficos, etários, geográficos e socioeconômicos. Em seguida, foram conduzidos modelos de regressão logística múltipla para investigar associações entre variáveis explicativas e desfechos de contaminação, hospitalização e óbito por COVID-19. Posteriormente, foram utilizados modelos de efeitos mistos para considerar a estrutura hierárquica dos dados e a influência de fatores individuais - com foco na obesidade - e contextuais - com foco em Unidades Federativas e municípios - no óbito por COVID-19. Resultados: A obesidade aumenta a chance de hospitalização por COVID-19 em 2,3 vezes (p < 0.001) quando comparada com não obesos. Além disso, a presença de 1-2 doenças crônicas não transmissíveis (DCNT) também contribuiu para o risco de hospitalização (OR: 1.32, IC 95%: 1.28 - 1.35, p < 0.001). Homens e indivíduos pretos e pardos apresentaram maior risco de hospitalização e óbito. A escolaridade dos indivíduos apresentou um padrão duplo de associação: enquanto o risco de hospitalização aumentou com a escolaridade, o risco de óbito diminuiu. A inclusão dos efeitos aleatórios das Unidades Federativas (UF) e dos municípios no modelo multinível demonstrou um melhor ajuste aos dados em comparação com o modelo logístico tradicional (chi2(2) = 2590,01, Prob > chi2 = 0,0000). O modelo 4 com individuais, PIB per capita, e dois níveis hierárquicos alcança o melhor equilíbrio entre o ajuste aos dados e a complexidade do modelo (AIC=80058.3), indicando sua adequação na explicação das relações presentes nos dados. Conclusão: A obesidade é um fator associado significativamente a desfechos adversos da COVID-19. A consideração dos efeitos contextuais das Unidades Federativas (UF) e dos municípios se mostrou relevante para analisar os óbitos pela doença. As disparidades regionais e municipais contribuíram para moldar a resposta à pandemia, em sinergia com desigualdades socioeconômicas e de acesso aos cuidados de saúde.