Tempo livre com lazer do trabalhador e a promessa de felicidade

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2002
Autor(a) principal: Sousa, Iracema Soares de
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/48/48134/tde-28032014-121916/
Resumo: Esta pesquisa apreende relações e contradições entre trabalho e lazer. Apresenta, nas condições atuais do trabalho assalariado, alguns fatores que estão expressando, na realidade historicamente configurada de uma indústria metal-mecânica, da cidade de Jaraguá do Sul, Estado de Santa Catarina, Brasil, limites e possibilidades para a existência de um tempo livre com lazer na vida de trabalhadores. A escolha dessa empresa para locus investigativo se deu porque ela possui uma base produtiva com tecnologia avançada e adota ginástica na empresa em seu expediente interno de trabalho. Faz parte também da investigação um grupo de trabalhadores de uma das suas fábricas. As informações foram levantadas por meio da aplicação de 118 questionários; 120 entrevistas realizadas no chão da fábrica; como também importantes observações diretas, dentro da fábrica e fora dela. Dedicamos especial atenção ao que ocorre nos sábados e domingos, quando procuramos perceber as práticas de lazer fora da fábrica. Além disso, utilizamos documentos disponibilizados pelos diretores da fábrica com os quais mantivemos conversas, bem como com chefes de seção, operários e pessoas da cidade. O interesse por este estudo, e o emprego da conexão trabalho e lazer, justifica-se na medida em que existe uma opinião geral afirmando ser a base produtiva desenvolvida tecnologicamente o que promove lazer, bem como a presença de uma exercitação corporal dentro do horário de trabalho; aliamos a esses motivos o desconhecimento de pesquisas a terem contemplados essa problemática a partir de análises de dados empíricos. Neste sentido percebemos, a partir dos dados coletados, que a ginástica na empresa evidencia o corpo que produz e o corpo que brinca. Todavia, constatamos que esta prática se configura como uma tecnologia organizadora do trabalho ao garantir produtividade com a restauração do equilíbrio e descanso do corpo, embora se realize com a presença do elemento lúdico. A base teórica a sustentar a análise contempla aspectos que procuram desvelar as mudanças recentes no processo de trabalho. A reestruturação produtiva engendra a ginástica na empresa e expressa a adequação de formas toyotistas ao processo industrializante no Brasil. A rigor, a assimilação desse modelo realiza-se, nessa empresa, de maneira híbrida e ocorre desde a década de setenta do século XX. Na vida fora do âmbito do trabalho das pessoas do grupo estudado constata a ausência do corpo que brinca. Nessas condições conclui que falta um tempo aos trabalhadores para si mesmos, um tempo a ser usado para exercitarem lazer. Constatamos ainda que existe uma contradição no processo de organização do trabalho, pois este inclui a ginástica na empresa evidenciando o corpo que brinca, ainda que este esteja fora dela. Vimos dessa maneira que o processo de organização no qual estão inseridos estes trabalhadores limita a existência de um tempo livre com lazer em suas vidas, sendo que o tempo cronometrado do trabalho comanda toda a existência concreta dessas pessoas, dentro e fora da fábrica; o tempo livre com lazer e não com desemprego, pode acenar como uma promessa de felicidade, possível de realizar, embora, ainda distante de uma realização concreta.