Pais e filhos em arranjos familiares homoafetivos: a perspectiva de homens homossexuais e de seus/suas filhos(as)

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2016
Autor(a) principal: Santos, Yurín Garcêz de Souza
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/59/59141/tde-29012021-175506/
Resumo: As relações afetivo-sexuais entre pessoas do mesmo sexo sempre existiram na história da humanidade. Entretanto, os entendimentos sobre essas relações sofreram alterações a partir de contextos e momentos históricos específicos. Essas transformações ocasionaram repercussões na noção de família ao ponto que, hoje em dia, diversas são as possibilidades de definição do termo. Dentre as múltiplas possibilidades do ser família, destaca-se a família homoparental, formada pelo casal homossexual e seus filhos, estrutura familiar que desafia a concepção heteronormativa presente no senso comum sobre o que é ser família. Os estudos acadêmicos, em geral, se dedicam a comparações entre as estruturas familiares ditas tradicionais e aquelas que destoam do padrão socialmente estabelecido, evidenciando uma carência de trabalhos empíricos que agreguem a perspectiva dos filhos inseridos nesses contextos. O objetivo do presente estudo foi compreender o processo de formação e organização de famílias homoparentais constituídas por casais masculinos com filhos, na perspectiva de pais e filhos. Trata-se de um estudo descritivo-exploratório, amparado na abordagem qualitativa de pesquisa, no qual se utilizou o estudo de caso como estratégia metodológica. Os participantes deste estudo foram os membros de quatro famílias homoparentais masculinas, duas tendo a paternidade efetivada por relações heterossexuais anteriores de um dos cônjuges e duas tendo efetivado a paternidade por meio da adoção conjunta. Os instrumentos utilizados foram o Formulário de Dados Sociodemográficos, Roteiro de Entrevista Semiestruturada realizada com o casal homoparental em conjunto, Roteiro de Entrevista Semiestruturada realizada com cada membro do casal individualmente, Roteiro de Entrevista Semiestruturada realizada com os filhos maiores de idade, o Genograma realizado com os pais e o Desenho da Família realizado tanto com os pais quanto com os filhos. A análise dos dados pautou-se na Teoria Queer e na literatura disponível sobre a parentalidade homoafetiva. A partir da análise do material coletado, pôde-se elaborar, no permanente diálogo com a literatura, cinco categorias temáticas: \"Demandas do Armário\", \"Conjugalidade Homossexual\", \"Construção da Família\", \"Ser Pai\" e \"O que é a família?\". Os resultados evidenciaram a forma pela qual a heteronorma atravessou as construções das singularidades dos sujeitos, apresentando repercussões em suas formas de aceitação e de assunção da própria sexualidade. Ademais, a construção das famílias atuais mostrou ser sempre referida às relações que os participantes estabeleceram com suas famílias de origem. A família homoparental parece ser constituída a partir dos mesmos valores idealmente formadores das famílias heteroparentais e é significada por todos os seus membros como espaço de segurança emocional, soma e aceitação das diferenças e para além dos vínculos de consanguinidade. Os dados sugerem que as famílias homoparentais se mostram distintas de outros modelos familiares sobretudo nas formas de construção e organização, não sendo possível, contudo, atribuir outras diferenças à sexualidade dos pais. Novos questionamentos emergem como possibilidades para estudos futuros.