A matriz insumo-produto internacional do Mercosul em 1990: a desigualdade regional e o impacto intersetorial do comércio inter-regional

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 1998
Autor(a) principal: Montoya Rodriguez, Marco Antonio
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://teses.usp.br/teses/disponiveis/11/11132/tde-20191220-131501/
Resumo: Este estudo analisa os processos de interdependência intersetorial entre os países-membros do Mercosul, procurando caracterizar, de forma sistêmica, o perfil das estruturas de transações internacionais e setores-chave, bem como identificar e avaliar os possíveis efeitos da maior interdependência comercial na região. Com esses fins, foi construído e implementado, para o ano de 1990, um modelo insumo-produto internacional para o Mercosul do tipo multilateral. Verificou-se que: a dimensão econômica dos mercados de cada país nas estruturas de transações insumo-produto aponta, inequivocamente, que a ampliação do potencial do mercado entre os países num processo integracionista é extremamente desigual; os níveis relativos da integração espacial dos mercados da Argentina e do Brasil e, em menor grau, do Chile e do Uruguai com o mercado mundial são limitados, adquirindo características dramáticas quando relacionados ao Mercosul; as ligações industriais apresentam dois padrões bem diferenciados, ou seja, ligações industriais fortes no Brasil e fracas na Argentina, Chile e Uruguai; os setores-chave de alcance inter-regional indicam que os principais elos de ligações inter-regionais da economia do Mercosul são dominados, em sua maior parte, pelos setores-chave vinculados à economia brasileira. Portanto, conclui-se que o processo de integração econômica do Mercosul não é conseqüência natural de fluxos de comércio intensos, mas, sim, de um processo provocado em função da conjuntura econômica internacional, na qual a integração é apenas uma alternativa plausível para a convivência com o processo de globalização das economias. Contudo, considerando que os mercados dos países mostram-se potencialmente complementares, o perfil de mais rápida e maior interdependência setorial na região será determinado pelo Brasil em virtude de sua melhor articulação industrial, processo que se fará principalmente a partir dos setores metalúrgica, têxtil e agropecuária, até porque estes setores participam nas cadeias-chave da Argentina, Chile e Uruguai. Com respeito aos efeitos de maior interdependência comercial, verificou- se que: os coeficientes de produção induzida indicam uma forte relação entre a demanda final dos países e a produção doméstica; o confronto entre a produção doméstica total per capita e a participação relativa do valor adicionado induzido doméstico sugere que a dependência externa do Chile e do Uruguai nos próximos anos, em termos relativos, aumentará bem mais que a dependência da Argentina e do Brasil; na geração de valor adicionado, a participação dos setores primários é mais relevante nas economias da Argentina, Chile e Uruguai do que no Brasil. Portanto, conclui-se que a economia brasileira será um supridor importante de produtos acabados de materiais básicos industriais e de bens de capital para os países do Mercosul. Nesse contexto, na complementaridade econômica dos mercados, existirá uma tendência à especialização no comércio inter-regional de setores que apresentam, tradicionalmente, os maiores volumes negociados, havendo uma diversificação ampla do comércio em setores de menores volumes negociados, já que o intercâmbio neste nível processa-se entre setores primários e secundários da mais variada índole.