Uso, apropriação e exploração do território: o caso de Itaúnas-ES

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2005
Autor(a) principal: Martins, Julia Salvador
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://teses.usp.br/teses/disponiveis/91/91131/tde-20220208-113437/
Resumo: A Vila de Itaúnas, distrito rural do município de Conceição da Barra - ES, apresenta um histórico relacionado a processos de sobreposição no uso do território, os quais são responsáveis por gerar interferências no modo de vida da população local e na complexa relação dessa com o ambiente. Isso vem ocorrendo principalmente em aspectos relacionados ao manejo e conservação de recursos naturais. A sobreposição no uso do território foi consubstanciada pela implantação em grande escala da monocultura de eucalipto, por empresas de celulose, pela Unidade de Conservação e pelo turismo. No novo cenário de territórios sobrepostos, os moradores diante da ausência de espaços para obtenção de recursos necessários à sua sobrevivência, passaram a adotar certos comportamentos, como resposta aos problemas impostos pelo ambiente natural e social. Face a esse contexto, essa pesquisa se propôs a analisar as estratégias adaptativas da população de Itaúnas, a partir da década de 70, tomando como base os modos de produção e modelos de subsistência e territorialidade, bem como as relações de parentesco e residência estabelecidas. Nesse estudo adotou-se por uma abordagem qualitativa e como método interpretativo, a complexidade, utilizando-se para coleta de dados, técnicas da antropologia, como observação participante e entrevistas. Por meio da realização desta pesquisa pode-se notar que na região de Itaúnas o processo de sobreposição no uso território, causou uma fragmentação do mesmo, interferindo na estrutura agrária da região. A lógica de apropriação do território passou da comunal para diversos interesses, tanto de preservação ambiental como de uso e exploração, causando alguns conflitos de ordem ecológica, social, cultural e econômica. Na ausência de espaço para obtenção de recursos necessários à sua sobrevivência, a população humana se vê forçada a acrescentar novas atividades de subsistência às antigas práticas culturais. Assim, como estratégia adaptativa, a população estudada vem buscando inserir-se em novas atividades econômicas, principalmente naquelas ligadas ao turismo. As mudanças no território vêm propiciando novas formas de relação dos moradores com o ambiente que os cercam. Este processo vem fazendo emergir territorialidades inéditas nesse ambiente. Observou-se em Itaúnas, a coexistência de territorialidades distintas que se concretizam por meio de usos diversos do território: comunal tradicional, empresarial, comercial e governamental. Com isso, a população local passa a criar e a incorporar novas concepções de uso, domínio e apropriação do território. Com relação à Unidade de Conservação, esta ainda está associada a uma relação de conflitos com os moradores locais, fruto do modelo sob o qual foi implantado. Em função disto, constatou-se algumas ameaças à preservação dos ecossistemas e à biodiversidade local. Observou-se também, que mesmo sofrendo interferências no seu modo de vida, a população humana de Itaúnas ainda conserva muitos dos saberes e apresenta algumas características associadas à tradição local, relevantes para sua sobrevivência.