A promoção de qualidade de vida para os trabalhadores: discurso, poder e disciplina

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2010
Autor(a) principal: Barros, Sergio Paes de
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/47/47134/tde-16042010-145825/
Resumo: Esta pesquisa parte de questões suscitadas durante a observação de eventos e treinamentos ligados à promoção de Qualidade de Vida para os Trabalhadores. Nosso objetivo é refletir sobre como os discursos ligados à QVT buscam criar sujeitos, quais mecanismos disciplinares utiliza e como os trabalhadores reinterpretam estes discursos. Baseando-nos no método arqueológico foucaultiano, esquadrinhamos diversas publicações nacionais sobre o termo Qualidade de Vida no Trabalho. Realizamos incursões no cotidiano de uma empresa de grande porte, experiências junto a um grupo de profissionais de Recursos Humanos e entrevistas com profissionais ligados à Programas de QVT. As entrevistas e os espaços pesquisados apresentaram múltiplas dimensões do fenômeno da promoção de qualidade de vida para os trabalhadores, constituindo uma bricolage de modos de controle, organização e gestão do trabalho. Os discursos analisados remetiam a um estilo de vida apresentado como saudável e pouco diziam respeito às condições de trabalho ou à organização deste. A primazia do estilo, atitude e comportamentos sobre as condições concretas do trabalho, em discursos organizacionais que buscam moldar a subjetividade do trabalhador, configura o que Gorz (2005) chamou de mundo do trabalho imaterial. Concluímos que os treinamentos e eventos destinados a fazer o trabalhador aderir a este estilo de vida caracterizavam-se como mecanismos disciplinares de controle e exercício de poder mediante o uso do discurso da QVT. Concluímos também que, para além do poder disciplinar observado, o discurso de qualidade de vida é utilizado para promover uma disseminação de valores e normas não somente aos trabalhadores, mas com vistas a toda a sociedade, em assuntos variados que classicamente não dizem respeito às organizações, remetendo-nos às noções de biopoder e governamentalidade, tais como desenvolvidas por Foucault (2005).