Jovens vivendo em aglomerados subnormais no município de Ribeirão Preto: um estudo sobre iniquidades e redes sociais

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2019
Autor(a) principal: Vicentine, Fernanda Bergamini
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/17/17139/tde-28012020-101933/
Resumo: A sociedade brasileira é marcada por diversos fenômenos que promovem formas de sociabilidade específica da juventude. Para discutir a estrutura da sociedade, buscou-se a teoria sobre os Determinantes Sociais da Saúde (DSS), com destaque para o papel do Sistema de Saúde. O objetivo geral desse estudo foi identificar fatores de iniquidades aos quais os jovens de aglomerados subnormais estão expostos e a rede de apoio com a qual podem contar. Percurso metodológico: pesquisa do tipo descritiva, com abordagem qualitativa. A população de estudo foi de jovens entre 15 e 29 anos, que vivem em aglomerados subnormais, no município de Ribeirão Preto, São Paulo. Além dos jovens, também foram convidados a participar da pesquisa os trabalhadores das unidades de saúde da Atenção Primária à Saúde. A coleta de dados foi realizada entre os anos de 2017 e 2018, em fontes secundárias e primárias. Os dados secundários foram coletados em documentos relacionados às políticas públicas municipais, analisados segundo a técnica de Análise Documental e apresentados durante a banca de qualificação. Os dados primários foram coletados por meio de entrevista semiestruturada, analisados segundo a metodologia de Análise de Conteúdo e apresentados nessa tese de doutorado. O desenvolvimento da pesquisa contemplou o cumprimento da Resolução no 466/2012 da Comissão Nacional de Ética em Pesquisa - CONEP. Resultados: Foram entrevistados nove jovens e seis trabalhadores de saúde. Encontrou-se que jovens de aglomerados ficam expostos a diversos tipos de violência, praticados pela sociedade em geral e pelo Estado. A iniquidade advém também dos espaços de construção de políticas públicas, sendo espaços subalternos de poder. Os Movimentos Sociais apareceram como uma importante Rede de Apoio, bem como a coesão entre os moradores. O Tráfico de drogas surgiu em apenas dois aglomerados enquanto Rede de Apoio, na ausência do Estado ou como proteção à violência exercida por ele próprio, mas nestes mesmos espaços ele também foi identificado como gerador de iniquidades. Em relação ao setor saúde foi identificada uma maior iniquidade de acesso às Unidades Básicas Tradicionais, quando comparada às equipes da Estratégia Saúde da Família (ESF), ocasionando negação do direito à saúde e peregrinação em busca de atendimento. Considera-se, por fim, a importância de se assegurar o direito à moradia, como forma de condição básica para uma vida digna e de reconhecimento frente a outras instituições. Ressalta-se, entretanto, que o não acesso a esse direito não poderia implicar em negação sistemática de outros direitos garantidos constitucionalmente, como vem ocorrendo no município de Ribeirão Preto. Este estudo, sem esgotar a temática, contribuiu para a reflexão crítica acerca do direito à moradia e os impactos sociais e na saúde de jovens que vivem em aglomerados.