Estudo epidemiológico sobre a Doença Granulomatosa Crônica (DGC): Características clínicas e demográficas

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2022
Autor(a) principal: Oliveira, Tiago Santos de
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/42/42133/tde-27022023-152927/
Resumo: A Doença Granulomatosa Crônica (DGC) é uma imunodeficiência primária caracterizada pela deficiência da produção de espécies reativas de oxigênio (EROs), devido a variantes genéticas deletérias em um dos 5 genes (CYBB, CYBA, NCF1, NCF2 e NCF4) que codificam as proteínas do complexo NADPH oxidase, resultando em atividade microbicida defeituosa e suscetibilidade a infecções. Apresenta as formas ligada ao X (CYBB) e autossômica recessiva, ambas com início das manifestações ainda nos 2 primeiros anos de vida. Estudos epidemiológicos mais abrangentes sobre a DGC no Brasil são raros e a caracterização desses pacientes dentro de um bloco continental com características físicas e geopolíticas semelhantes é de especial importância para seu entendimento e divulgação. Assim sendo, este estudo teve como objetivo determinar as características epidemiológicas, clínicas, geoespaciais e genético-moleculares de 238 pacientes com DGC, 196 do sexo masculino e 42 do sexo feminino de 8 países (México, Brasil, Chile, Costa Rica, Argentina, Paraguai, Peru e Uruguai), diagnosticados pelos ensaios de redução de nitroazul tetrazólio (NBT) ou oxidação de diidrorodamina 123 (DHR). Os pacientes foram diagnosticados genética e laboratorialmente e foram tratados e acompanhados em poucos centros especializados concentrados em regiões mais desenvolvidas e populosas dos respectivos países de origem. A variante genética foi obtida de 141 pacientes (59%), 109 com DGC-LX e 32 com DGC-AR, com mutações diversas e heterogenias nos genes CYBB, CYBA e NCF2, e única no gene NCF1, a mutação GT (c.75_76delGT). As principais manifestações clínicas foram Pneumonia (80%), linfadenopatia (63%), infecções cutâneas (55,5%), gastroenteropatia (52%), sepse (49,6%) e reação ao BCG (Bacillus Calmette-Guérin) (39,5%). Bactérias e fungos foram os patógenos mais comuns, como Staphylococcus aureus , Aspergillus spp., e micobactérias, especialmente pela reação adversa à vacina BCG, que afetou 45,2% dos pacientes vacinados com idade mediana de 5 meses, estando entre as manifestações mais precoces da doença. Profilaxia antimicrobiana com Sulfametoxazol em associação com Trimetoprima (SMX-TMP) e Itraconazol foi adotada por 97% dos pacientes, enquanto que o IFN-&#947 foi usado quase que exclusivamente por pacientes do México, principalmente nos casos de DGC clássico (DGC-LX). O transplante de células tronco hematopoiética (TCTH), em comparação com a profilaxia, não mostrou melhores resultados quanto a sobrevida e o Brasil, não usa o genótipo como critério para realização do transplante e o realiza em pacientes já com sequelas das infecções. Oitenta pacientes faleceram, predominantemente do sexo masculino (86%) e com DGC-LX (n = 43). A principal causa de óbito foi infecciosa, sendo PNM e sepse as mais frequentes (70% dos óbitos) e o Aspergillus spp , o patógeno mais letal (40% dos casos com patógeno isolado), com os pacientes com DGC-LX apresentando pior prognóstico e sobrevida. Estudos epidemiológicos são fundamentais para identificar as principais características da doença e a realidade desses pacientes, permitindo mostrar aqui que o diagnóstico genético precisa ser ampliado, que o uso do IFN-&#947 deve ser estimulado e que o momento da realização do TCTH precisa ser reavaliado para obter melhores resultados.