Farinha de trigo: consumo da população brasileira e sua implicação na ingestão de ferro e ácido fólico

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2017
Autor(a) principal: Neves, Letícia Corassa
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/11/11141/tde-15032018-104120/
Resumo: A deficiência de micronutrientes é um problema a ser enfrentado mundialmente. O ferro é um mineral essencial para a homeostase celular, importante no transporte de oxigênio, na síntese de DNA e no metabolismo energético. O ácido fólico é uma vitamina essencial para a síntese dos ácidos nucléicos sendo muito importante na gravidez. Para prevenir a deficiência de ferro e ácido fólico no Brasil, em 2002, o Ministério da Saúde - MS, por meio da RDC No344, determinou a fortificação mandatória das farinhas de trigo e milho com ferro e ácido fólico. O objetivo do estudo foi avaliar o consumo de alimentos elaborados à base de farinha de trigo a fim de identificar qual a contribuição desses alimentos para a ingestão de ferro e ácido fólico, além de identificar qual o consumo desses micronutrientes pela população, relacionando os aspectos demográficos e socioeconômicos. Utilizou-se como base de dados as informações do bloco consumo alimentar da POF 2008-2009, realizada pelo IBGE, envolvendo 34.003 indivíduos com idade de 10 anos ou mais. A média da ingestão diária de ferro da população brasileira foi 11,62mg e para o folato 278,07μg. O maior consumo (médio) de ferro (12,43mg) foi encontrado na dieta da população dos estados do sudeste (Minas Gerais, Espírito Santo e Rio de Janeiro) e o menor valor, 10,77mg, na região Nordeste. O maior valor de folato (308,22μg) foi observado para Região Sudeste (excetuando-se o estado de São Paulo) e o menor valor (36,96μg), foi identificado para a região Norte. Quando se considera a ingestão de acordo com os estratos etários, o menor consumo de ferro e ácido fólico foi identificado entre os indivíduos mais velhos (71 anos ou mais). Comparando o consumo de ácido fólico e ferro entre os beneficiários e não beneficiários do PBF, são notados valores menores para beneficiários do PBF. Observa-se que o ferro proveniente da farinha de trigo representa uma média de 16,87% do total de ferro consumido pela população por meio da dieta alimentar nas regiões Norte, Nordeste, Sul, Sudeste (exceto São Paulo) e Centro-Oeste, já o ácido fólico proveniente da farinha de trigo, representa uma média de 25,33% do total de ferro consumido pela população por meio da dieta alimentar nas regiões citadas acima. No Estado de São Paulo, a participação da farinha de trigo no total do consumo de ferro e ácido fólico é maior, contribuindo com 24,44% e 37,51%, respectivamente. Esses resultados mostram que a estratégia de fortificação mandatória das farinhas de trigo e milho com ferro e ácido fólico deve ser avaliada com cautela considerando a variação do consumo dos indivíduos em função dos níveis socioeconômicos, idade, sexo e, principalmente, entre regiões do Brasil. Mesmo após a determinação de novos parâmetros para a fortificação, há a necessidade do monitoramento constante por parte do MS a fim acompanhar a efetividade do programa para evitar que parte da população esteja consumindo ferro e ácido fólico em excesso.