Ressonância magnética cardíaca na avaliação de pacientes que apresentaram morte súbita cardíaca ou arritmia ventricular instável

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2020
Autor(a) principal: Marçal, Paula Chiavenato
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/17/17158/tde-07092020-100709/
Resumo: Morte súbita cardíaca (MSC) é um problema de saúde relevante em países subdesenvolvidos onde recursos diagnósticos e de tratamento avançados são escassos. Ressonância magnética cardíaca (RMC) tem se mostrado cada vez mais importante na identificação do diagnóstico etiológico em sobreviventes de MSC, porém a maioria dos estudos foi realizada em países desenvolvidos. Objetivou-se a avaliação da prevalência das patologias cardiovasculares no grupo estudado, variáveis e preditores de risco comuns aos pacientes, presença e características da fibrose miocárdica, correlação da fibrose miocárdica na RMC com achados eletrocardiográficos e principalmente, avaliar em quais casos o exame contribuiu como método diagnóstico. Foram incluídos pacientes admitidos por MSC abortada ou arritmia ventricular instável no Hospital das Clínicas de Ribeirão Preto - São Paulo, entre 2009 e 2019, que realizaram RMC após o evento. Foram coletados dados demográficos (idade e sexo) e clínicos (medicações, diagnóstico de cardiopatia prévia, local, ritmo cardíaco do evento e critérios eletrocardiográficos de fibrose miocárdica). Foram revisadas as imagens e laudos dos exames (sequências de cine para avaliação das dimensões e função sistólica dos ventrículos, sequências para avaliação de edema e depósito de gordura, além de sequências de realce tardio para identificar presença e padrões de fibrose miocárdica). Foi realizada análise estatística descritiva. Foram incluídos 68 pacientes, porém 4 foram excluídos devido à má qualidade da imagem. Desses 64, 42 (71,9%) eram homens, com idade média de 54,9±15,4 anos, variando entre 16 e 83 anos. A maioria dos eventos foi extra-hospitalar (81,3%) com a taquicardia ventricular instável sendo o ritmo mais identificado (n= 38). Cinquenta e cinco pacientes faziam uso de alguma medicação cardiovascular, sendo os betabloqueadores os mais comuns (37,5%). O eletrocardiograma (ECG) demonstrou áreas eletricamente inativas em 21,9% dos pacientes, com fibrose miocárdica presente na RMC de todos eles. Fração de ejeção do ventrículo direito (FEVD) ≤50% foi encontrada em 32,8% dos casos, com média de 53,2 ± 11,4 %. A média da fração de ejeção do ventrículo esquerdo (FEVE) foi de 44 ± 14%, com 60,9 % dos casos apresentando valores ≤50% e 29,6% com FEVE ≤35%. A disfunção sistólica biventricular esteve presente em 16 casos (25%), considerando-se FE ≤50% para ambos os ventrículos. O realce tardio miocárdico esteve presente em 46 indivíduos (71,9%), com predomínio de padrão transmural na maioria dos casos (43,8%) e dos 39 pacientes com FEVE ≤50%, 33 apresentavam fibrose na RMC. A cardiomiopatia chagásica (CCC) foi a etiologia mais frequente (28,1%), seguida da cardiomiopatia isquêmica. Dos 26 pacientes sem diagnóstico etiológico definido, a RMC foi capaz de promover elucidação em 15 deles (57%). Desta maneira, em concordância com estudos internacionais anteriores, esse estudo demonstrou que a incorporação da RMC na prática cardiológica permitiu avaliar a presença de substrato arritmogênico e importante elucidação diagnóstica nessa população, tendo impacto no manejo clínico adequado das cardiopatias.