Os diques basicos e ultrabasicos da região costeira entre as cidades de São Sebastião e Ubatuba, Estado de São Paulo

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 1995
Autor(a) principal: Garda, Gianna Maria
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/44/44135/tde-20032013-160227/
Resumo: A região costeira entre as cidades de São Sebastião e Ubatuba e os costões das ilhas de São Sebastião, Anchieta e Mar virado (Estado de São Paulo) são cortados por numerosos pequenos enxames e diques isolados de direção N55E. Os litotipos principais variam de básicos a intermediários. Entretanto, também ocorre uma variedade de lamprófiros alcalinos lado a lado com o grupo principal. As espessuras dos diques básicos a intermediários é muito variável, desde alguns centímetros a vários metros, enquanto os lamprófiros são menos espessos (algumas dezenas de centímetros). Plagioclásio (labradorita/andesina), piroxênio (augita e rara pigeonita) e minerais opacos constituem os diques básicos a intermediários. Biotita com F e Cl é mineral acessório e edenita-hornblenda pode substituir o piroxênio. As bordas de alguns diques apresentam texturas de resfriamento rápido. Os centros dos diques mais espessos são faneríticos, apresentando cristais de plagioclásio rodeados por intercrescimentos granofíricos de quartzo e feldspato alcalino, dando à composição total da rocha um caráter mais intermediário. As temperaturas mínimas de cristalização dos pares augita-pigeonita são de 1000°- 1100°C. Ilmenita somente aparece nestas rochas; as temperaturas de exsolução desse mineral em espinélios de Fe e Ti são de 740°C ± 30°C e log10fO2 de 16 ± 2. Os lamprófiros, por sua vez, apresentam abundantes megacristais de olivina pseudomorfizada e clinopiroxênio. A matriz é formada por augita titanífera rica em Ca, plagioclásios cálcicos, minerais óxidos e vidro. Kaersutita, flogopita/bioita, analcima e melilita distinguem um tipo de lamprófiro de outro (camptonitos, monchiquitos, lamprófiros picríticos, biotita lamprófiros e um alnöito). calcita é comum e forma, com analcima, estruturas globulares (ocelli), indicativas de altas pressões de H2O, que também favorecem a cristalização de kaersutita. Al tem um papel importante na química mineral do alnöito, pois compensa sua deficiência em sílica. Por exemplo, os cromoespinélios zonados possuem bordas com composições de titanomagnetitas ricas em Al. Flogopitas e cromoespinélios zonados do alnöito e dos biotita lamprófiros mostram comportamentos químicos semelhantes dos núcleos para as bordas, sugerindo que estas variações composicionais ocorreram simultaneamente em ambos os minerais. As composições dos núcleos frescos das olivinas são \'FoIND.84\'\'Fa IND.16\'. A geotermometria aplicada às inclusões de cromoespinélios em megacristais de olivina indicam temperaturas da ordem de 1000° 1200°C. Os Mg# dos diques básicos a intermediários são baixos (\'<OU=\' 39), contrapondo-se aos dos lamprófìros (Mg# = 51-73, ca. 80 para os lamprófiros picríticos). Os primeiros são classificados como basaltos, traquibasaltos, traquiandesitos basálticos e traquiandesitos. As quantidades de \'Al IND.2\'\'O IND.3\', \'Na IND.2 O\' e \'K IND.2 O\' aumentam, enquanto as de \'TiO IND.2\', \'FeO IND.t\', MgO e CaO diminuem dos tipos básicos aos intermediários. Os lamprófiros são classificados como foiditos, com \'SiO IND.2\' < 47%, \'Al IND.2\'\'O IND.3\' variando entre 5% a 14%, MgO > 7% e com quantidades elevadas de H2O e CO2. Além disso, os lamprófiros picríticos classificados como picrobasaltos apresentam os mais baixos conteúdos de \'TiO IND.2\', \'Al IND.2\'\'O IND.3\', \'FeO IND.t\', \'Na IND.2 O\' e \'K IND.2\' O. A classificação química também distingue um grupo de tefritos composicionalmente intermediários entre os lamprófiros e as rochas básicas a intermediárias. Os diques básicos a intermediários apresentam \'(La/Yb) IND.N\' = l6 e anomalias negativas de Nb, Ta e Sr. O alnöito apresenta \'(La/Yb) IND.N\' = 42 e está enriquecido em P, Ba, Sr, Th, U, Nb, Ta e elementos terras raras leves comparativamente aos outros litotipos. Também difere dos demais lamprófiros por apresentar anomalia negativa de Ti. Os lamprófiros picríticos mostram os perfis menos inclinados nos diagramas multielementares e são os menos enriquecidos em elementos incompatíveis. Análises pelo método dos mínimos quadrados e cálculos de cristalização fracionada mostram que os lamprófiros picríticos são fases cumuláticas na evolução dos lamprófiros. Por outro lado, não foi possível derivar as rochas intermediárias das basálticas, sugerindo contaminação crustal, respaldada pelo hiato composicional de \'SiO IND.2\' de 8-9%. Os diques básicos a intermediários apresentam \'épsilon\' IND.Nd\'\'POT.(i)\' \'quase igual\' -5 e \'ANTPOT.87 Sr\'/\'ANTPOT.86\'Sr inicial de 0,706 a 0,707, caindo num campo intermediário entre os basaltos de baixo e alto Ti da Bacia do Paraná. Por outro lado, os lamprófiros apresentam \'épsilon\' IND.Nd\'\'POT.(i)\' entre +1 e +2 e \'ANTPOT.87 Sr\'/\'ANTPOT.86 Sr\' inicial de cerca de 0,705, que indicam uma fonte mantélica mais profunda com maiores proporções de fusão derivadas da astenosfera. O alnöito está fortemente enriquecido em Pb radiogênico (\'ANTPOT.206 Pb\'/\'ANTPOT.204 Pb\' = 1994). Todas as amostras plotam acima da Linha de Referência do Hemisfério Norte (NHRL) nos diagramas Pb/Pb. Os dados de isótopos de Pb para as rochas básicas a intermediárias (incluindo alguns diorito pórfiros e diabásios da região de Bairro Alto), biotita lamprófiros e um traquito da llha de São Sebastião evidenciam a anomalia DUPAL, o que não é o caso do alnöito e dos camptonitos/monchiquitos. Os dados geoquímicos corroboram, portanto, para contribuições de diferentes componentes mantélicos na geração dos diques básicos a intermediários e lamprofíricos. Enquanto os primeiros parecem estar relacionados com o magmatismo da Bacia do Paraná, os últimos podem estar associados a um evento magmático alcalino de idade intermediária entre a da intrusão dos diques básicos a intermediários (130 Ma) e aquela do complexo sienítico da llha de São Sebastião (80 Ma), como indicado pelas isócronas \'ANTPOT.87 Sr\'/\'ANTPOT.86 Sr\'.