Capsulotomia ventro-capsular e ventro-estriatal por raios gama no transtorno obsessivo-compulsivo: avaliação inicial da eficácia e perfil de eventos adversos

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2007
Autor(a) principal: Lopes, Antonio Carlos
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/5/5142/tde-23102007-111209/
Resumo: Inúmeros estudos têm demonstrado que o Transtorno Obsessivo-Compulsivo (TOC) costuma cursar com uma taxa de resposta a tratamentos variando entre cerca de 60 a 80% dos casos, por meio do emprego de medicamentos inibidores de recaptação de serotonina, ou da terapia comportamental. Encontramos, no entanto, uma parcela de indivíduos portadores desta enfermidade os quais não respondem às opções terapêuticas clássicas, evoluindo com grave comprometimento psicossocial. Radiocirurgias estereotáxicas, como a capsulotomia anterior por raios gama, são uma opção terapêutica para estes pacientes. Recentemente, um aperfeiçoamento da capsulotomia anterior por raios gama foi desenvolvido na Universidade de Brown, denominado capsulotomia ventro-capsular e ventro-estriatal por raios gama, utilizando-se de lesões menores e tendo melhor perfil de eventos adversos. Faltam no entanto estudos detalhando a eficácia e o perfil de eventos adversos desta técnica. O objetivo deste estudo foi determinar se a capsulotomia ventro-capsular e ventro-estriatal por raios gama no TOC é eficaz quanto à redução de sintomas obsessivo-compulsivos e melhora clínica global e qual o perfil de eventos adversos, e de alterações neuropsicológicas e de personalidade do procedimento. Selecionaram-se 14 pacientes com TOC refratário, e que foram submetidos a esta técnica cirúrgica no país, cinco dos quais fizeram parte de um estudo piloto inicial. Os outros nove pacientes participaram de um ensaio clínico randomizado, duplo-cego, no qual um grupo se submeteu a radiocirurgia verdadeira (grupo ativo), enquanto o outro grupo recebeu uma falsa radiocirurgia (grupo placebo). Anteriormente ao procedimento, todos realizaram uma detalhada avaliação clínica/psiquiátrica, além de uma extensa bateria de instrumentos de diagnóstico psiquiátrico, gravidade e evolução do TOC, melhora clínica global, sintomas depressivos/ansiosos, e alterações neuropsicológicas e de personalidade. Os indivíduos foram periodicamente avaliados e acompanhados durante o período mínimo de um ano. Relativo ao estudo piloto, dois em cinco pacientes (40%) responderam ao tratamento após um ano de seguimento, ou três em cinco (60%) em até três anos de seguimento. No grupo ativo, um entre quatro pacientes (25%) respondeu ao tratamento em até um ano de seguimento, ou três entre quatro (75%) no período entre 12 e 24 meses de seguimento. No grupo placebo, nenhum dos cinco pacientes respondeu à falsa radiocirurgia. O evento adverso mais grave foi o desencadeamento de um episódio maníaco de curta duração, em apenas um paciente da amostra total. Alterações indesejáveis neuropsicológicas ou da personalidade não foram observadas neste estudo. Concluindo, este estudo sugere que a capsulotomia ventro-capsular e ventro-estriatal é relativamente eficaz, com poucos eventos adversos.