Saber molhar o sertão, patrimônio cultural imaterial em Mirorós - Bahia

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2014
Autor(a) principal: Horta, Joana Crivelente
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/100/100134/tde-03062014-212331/
Resumo: Geração após geração, o saber molhar a terra em Mirorós (BA) desempenha na caatinga uma agricultura produtiva e diversificada. No entanto, sobre influência de profundas mudanças sociais ocorridas no fim do século XX, o conhecimento local foi desarticulado e hoje está em vias de desaparecimento. O conhecimento desenvolvido através da oralidade e do convívio social diz respeito às técnicas locais de manipulação da água para a produção de víveres, à divisão do recurso natural e à organização dada a partir da atividade camponesa. Este trabalho pretende o reconhecimento de um saber resguardado pela população de Mirorós, situada entre os municípios de Gentio do Ouro e Ibipeba, na zona central do Estado da Bahia. Inicia-se com a apresentação do contexto espacial, das particularidades do semiárido e do bioma caatinga, e do espaço onde se encontra o saber, nas margens do Rio Verde, que nasce nas serras da Chapada Diamantina e deságua no Rio São Francisco. O saber molhar o sertão tido como patrimônio imaterial é então descrito como um conjunto de técnicas, obras, condutas e conhecimentos sobre o espaço natural e sua produtividade, desempenhado localmente até a década de 1980. O recorte temporal refere-se à desarticulação do saber, com a construção da Barragem Manoel Novaes, em 1983 e a inauguração do Perímetro Irrigado Mirorós, em 1996, obras executadas pela Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e Parnaíba (Codevasf). As ações governamentais reordenaram o espaço, o acesso aos recursos naturais e privilegiaram técnicas importadas de produção agrícola. Tendo a história oral como metodologia, a memória dos sertanejos irrigantes possibilita o entendimento do saber local e também alcança as transformações dadas com a implantação de políticas públicas. Dessa maneira, busca-se evocar o conhecimento tradicional na realidade cultural e ambiental contemporânea e o modelo desempenhado pela política pública nas últimas décadas.