Não-aprender-na-escola: a busca pelo diagnóstico nos (des)encontros entre saúde e educação

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2015
Autor(a) principal: Terra-Candido, Bruna Mares
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/47/47131/tde-10082015-104003/
Resumo: Na atualidade há nas escolas um crescente aumento nos diagnósticos de dificuldades no processo de escolarização e a consequente medicalização de crianças. Diante disso, essa pesquisa teve como objetivo compreender como e por quais motivos é realizada a busca pelo diagnóstico do estudante com dificuldade no processo de escolarização. Teve como objetivo específico compreender a participação da escola nesse processo, identificar os profissionais envolvidos e quais as concepções e práticas presentes na produção do diagnóstico do não-aprender-na-escola. A análise dessa pesquisa está fundamentada na Psicologia Histórico-Cultural. Esse referencial teórico permite problematizar a naturalização das dificuldades no processo de escolarização, construindo uma visão crítica e reflexiva sobre esse processo. Este trabalho se caracteriza como uma pesquisa de campo e o método de investigação consiste em um estudo de caso em uma escola pública municipal. Os procedimentos utilizados foram entrevistas semiestruturadas, individuais e em grupos, com professores, pais e profissionais da saúde que participaram, respectivamente, de encaminhamento, atendimento e avaliação de crianças com dificuldades de escolarização. A discussão foi organizada em quatro grandes eixos para evidenciar os objetivos iniciais: (I) os motivos que justificam o não-aprender-na-escola; (II) as estratégias em situações de dificuldade de escolarização e os motivos do encaminhamento para o equipamento de saúde; (III) como são realizados os encaminhamentos para o equipamento da saúde; (IV) ações frente às queixas de dificuldades no processo de escolarização. A pesquisa indicou que quando a escola procura os motivos pelo não-aprender da criança, logo encontra as respostas na história de vida desta e, assim, a queixa torna-se individualizada e inicia-se a busca por um diagnóstico. A burocratização dos serviços públicos da saúde parece culminar em poucos casos de estudantes diagnosticados na escola, embora haja tentativas para se chegar aos diagnósticos; além disso, não existe uma política pública efetiva que atenda essa demanda e o que vemos são os constantes reencaminhamentos das crianças. Além de buscar na saúde uma solução às suas queixas escolares, a escola propõe diversas ações interventivas no processo de escolarização, como recuperação paralela, recuperação contínua, reuniões de professores e, mais recentemente, as microrredes entre saúde e educação. Discuto, nesse trabalho, que a história da psicologia contribuiu para a visão individualizante presente na escola sobre a queixa escolar e, por isso, a busca pelo diagnóstico é vista como uma esperança para essa instituição. Nessa discussão, defendo a criação de novos sentidos para compreender a queixa escolar, potencializando as ações que a escola já possui e desencadeando novos modos de agir frente às dificuldades em questão