Ilusão concreta, utopia possível: contraculturas espaciais e permacultura (uma mirada desde o cone sul)

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2013
Autor(a) principal: Silva, Luis Fernando de Matheus e
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/8/8136/tde-07112013-113710/
Resumo: A presente pesquisa visa compreender e analisar criticamente o discurso de sustentabilidade e as práticas constitutivas da permacultura, debatendo tanto o potencial que elas podem oferecer à construção de um utopismo dialético norteado por uma nova práxis ambiental, como as contradições geradas a partir de sua inserção em uma sociedade capitalista, orientada pelo lucro e pela tendência geral em transformar todas as coisas em mercadorias. Pensada originalmente na década de 1970 pelos australianos Bill Mollison e David Holmgren, a permacultura diz respeito à criação de assentamentos humanos sustentáveis e resilientes, feita com base em princípios e técnicas específicos. A partir da década de 1990 paralelamente à ascensão e à globalização do neoliberalismo tem sido verificado um novo boom na eclosão e disseminação de experiências comunitaristas alternativas e sustentáveis, muitas das quais baseadas na permacultura, o que é sintomático do atual estágio da geografia histórica do capitalismo, apontando de um lado para a crise estrutural e multifacetada experimentada nos dias de hoje, e, de outro, para a urgência em se buscar formas distintas de sociabilizar-se e de relacionar-se com a natureza. Sustenta-se que estas experiências configuram a etapa mais recente de um fenômeno cujas origens podem ser rastreadas na segunda metade do século XIX e que aqui se denomina contraculturas espaciais, ou seja, microexperimentos de organização e produção socioespacial, geralmente de caráter comunitarista, que nascem como tentativas de subversão à ordem dominante, onde o nível privado e a esfera do cotidiano ganham primazia e tornam-se o lócus privilegiado no qual são experimentadas e desenvolvidas técnicas, práticas e solidariedades distintas daquelas que conformam a lógica homogeneizante, individualista e alienante encabeçada pela produção capitalista do espaço. Essas espacializações alternativas são expressões essencialmente modernas e urbanas que costumam surgir com mais força e visibilidade em momentos de crise de reprodução do sistema. Tendo por base a combinação entre pesquisa bibliográfica, documental e entrevistas com seus fomentadores, bem como a realização de trabalhos de campo junto a experiências de permacultura localizadas na Argentina, no Brasil e no Chile, buscar-se-á aqui, a partir do exame crítico do sistema produtivo permacultural, discutir as possibilidades e os limites apresentados pelas contemporâneas contraculturas espaciais à construção de uma sociedade mais igualitária e ecológica.