Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: |
2016 |
Autor(a) principal: |
Schor, Daniel |
Orientador(a): |
Não Informado pela instituição |
Banca de defesa: |
Não Informado pela instituição |
Tipo de documento: |
Tese
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Tipo de acesso: |
Acesso aberto |
Idioma: |
por |
Instituição de defesa: |
Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
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Programa de Pós-Graduação: |
Não Informado pela instituição
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Departamento: |
Não Informado pela instituição
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País: |
Não Informado pela instituição
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Palavras-chave em Português: |
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Link de acesso: |
http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/47/47132/tde-27092016-120528/
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Resumo: |
O presente trabalho se propõe a discutir os destinos psíquicos da experiência traumática, tanto em seus aspectos defensivos, restritivos das capacidades de realização do si-mesmo, quanto no que diz respeito a seus potenciais de simbolização e transformação. Referimo-nos aqui, porém, a uma modalidade particular de traumatismo: aquela que se define por um distanciamento afetivo dos pais em relação à criança, distanciamento esse responsável pelo confronto do sujeito a uma condição de desamparo e impotência insuportáveis. O fracasso dos esforços que, no passado, o indivíduo realizou na tentativa de socorrer os pais em seu sofrimento e de recuperar seu amor deixou como herança um terrível abismo interno e, para sobreviver a essa condição, o psiquismo irá estruturar defesas sofisticadas contra a perda do sentido de si e o colapso da estrutura psíquica de que se vê permanentemente ameaçado, as quais se definem, de nosso ponto de vista, a partir de três vértices principais. Num primeiro plano de análise, pudemos reconhecer que a situação traumática para a qual não se vislumbra nenhuma possibilidade de saída torna-se para o sujeito signo de uma realidade não dimensionável, sem começo, meio e fim, ou seja, uma condição existencial definitiva e inquestionável. Num segundo, fomos levados a tratar os efeitos do abandono afetivo, também, nos termos de um fenômeno de auto-alienação, já que, em meio a uma situação de sofrimento intolerável, uma das primeiras tendências evidenciadas pelo psiquismo é a de mergulhar em um processo de transe, semelhante a uma anestesia, cujo resultado é um estado de desorientação psíquica capaz de suspender a percepção do mal e, junto com ela, a de uma boa parcela da realidade. Consideramos ainda, num terceiro plano, o fato de que, nessa condição, o indivíduo tende a localizar em si mesmo a origem da violência que se abate sobre ele, purificando os pais e a família de todo o seu potencial enlouquecedor e o atribuindo exclusivamente a si. Tais perspectivas se apresentaram para nós como dimensões concomitantes e indissolúveis das configurações subjetivas em que podem ser reconhecidas. A partir de cada uma delas, vemo-nos diante de diferentes aspectos de organizações defensivas criadas contra a angústia de fragmentação e despersonalização gerada pela profunda insegurança a respeito da confiabilidade do objeto. Na última parte da pesquisa, buscamos apresentar possibilidades para o trabalho com pacientes traumatizados, a partir do que nos parecem ser as condições imprescindíveis à simbolização de angústias profundas produzidas pela situação traumática |