Análise  de características clínicas e microbiológicas em coorte retrospectiva de pacientes com colonização e infecção por Klebsiella pneumoniae resistente a carbapenêmicos em unidade de t

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2021
Autor(a) principal: Higashino, Hermes Ryoiti
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/5/5134/tde-21092021-115624/
Resumo: A Klebsiella pneumoniae resistente aos carbapenêmicos (KRC) é um patógeno de crescente relevância com significativa morbimortalidade. A colonização do trato gastrointestinal pode servir como fonte endógena de infecção e disseminação desses microorganismos no ambiente hospitalar. Pacientes submetidos a transplante de células-tronco hematopoiéticas(TCTH) são uma população particularmente susceptível a infecções bacterianas nosocomiais. Foi realizado estudo de coorte retrospectiva de pacientes internados na Unidade de TCTH-HCFMUSP das colonizações e infecções por KRC de 2008-15. KRC foi identificada pela primeira vez na unidade em 2008 em amostra de colonização e em 2009 em amostra de infecção. A partir de 2012 foi iniciada vigilância ativa de colonização por KRC. Entre 2012-15 foram realizados 569 TCTH com 105 pacientes colonizados/infectados por KRC. A sobrevida no D+100 pós-TCTH na análise de Kaplan-Meier foi de 85.9% nos não-colonizados por KRC e significativamente menor nos colonizados (75.4% p = 0.02) e infectados por KRC (35.7% p<0.001). Os 75 pacientes colonizados foram comparados com 30 pacientes com infecção por KRC: no momento da cultura positiva, pacientes infectados apresentavam na análise bivariada de maior probabilidade de neutropenia(RR=1,63 IC 1,28-2,08 p<0.0001) e evolução para terapia intensiva(RR 2,75 IC 1,54-4,9 p<0,0001). O principal sítio de infecção foi corrente sanguínea (23), a maioria (24) encontrava-se neutropênico grave (<100/mm3) e 14 eram previamente colonizados por KRC. Dezenove pacientes foram a óbito, sendo 11 em <14 dias da infecção (36,7%) e 8 (26,7%) em 30 dias. À análise bivariada de correlação de óbito em 14 dias foi significativa a associação com sexo masculino (RR=0,51 IC0,28-0,92 p=0.02) e internação em terapia intensiva (RR=2,57 IC1,44-4,59 p<0,001) e houve tendência de associação com medula óssea como fonte de células (RR=2,62 IC0,79-8,7 p-0,06). Na análise multivariada apenas sexo masculino (OR 0,09 IC0,009-0,83 p=0,03) foi associado a menor risco de óbito. Foi identificada uma série de 12 casos de infecção por KRC resistente à colistina em 11 pacientes no período com alta mortalidade (81,8%), sendo 6 mortes em <14 dias. Sessenta isolados estavam disponíveis para análise microbiológica no banco de cepas do LIM-49/HCFMUSP e 17 foram analisados por sequenciamento do genoma completo(SGC). A carbapenemase mais frequente foi blaKPC(57) e 3 isolados foram também positivos para blaNDM. Os isolados foram policlonais por Pulsed-field gel electrophoresis. Dos 17 isolados analisados por SGC a tipagem molecular por MLST identificou 4 STs: ST340 (10/17), ST11 (4/17), ST437 (2/17) e ST16 (1/17). Todos os isolados sequenciados apresentavam genes de resistência a múltiplas classes de antibióticos e mutações de porinas ompk36 e ompk37, replicons pertencentes a plasmídeos e predominaram genes de virulência para aquisição de ferro e adesão bacteriana. Dentre os isolados resistentes a colistina, detectou-se mcr-1 em 2 isolados e a maioria apresentava mutações nos genes pmrCAB, mgrB e phoQ. Pacientes submetidos a TCTH apresentam menor sobrevida em D+100 de transplante quando colonizados e infectados por KRC, com significativa morbimortalidade associada. Predominou na unidade a blaKPC como principal carbapenemase mas a detecção de blaNDM e resistência a colistina alerta para o potencial de infecções pan-resistentes virtualmente intratáveis por KRC