Estudo da absorção do anticoncepcional hormonal combinado oral após o bypass gástrico com reconstrução em Y-de-Roux

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2020
Autor(a) principal: Brito, Claudia Moreira de
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/5/5135/tde-18042021-184441/
Resumo: INTRODUÇÃO: A cirurgia bariátrica é cada vez mais realizada em todo mundo, como consequência do aumento da obesidade. O bypass gástrico com reconstrução em Y-de-Roux (BGRY) é uma técnica restritiva e malabsortiva que pode alterar a farmacocinética de drogas orais por conta das modificações no trato gastrointestinal. A maioria dos pacientes operados são mulheres em idade reprodutiva e, apesar da perda de peso levar ao aumento da fertilidade, as mulheres são orientadas a evitar gestações nos primeiros 12 a 18 meses após o procedimento. A literatura carece de dados sobre a segurança e eficácia do anticoncepcional hormonal combinado oral (AHCO) após a cirurgia bariátrica, que corresponde ao método contraceptivo mais popular e barato em todo o mundo. Devido à falta de evidências, os anticoncepcionais orais não são recomendados após procedimentos malabsortivos. OBJETIVOS: Avaliar a absorção do etinilestradiol (EE) e levonorgestrel (LNG) em mulheres submetidas ao BGRY, através dos principais parâmetros farmacocinéticos, comparado a um grupo controle não operado. O objetivo secundário foi avaliar se o tempo após a cirurgia e o índice de massa corpórea (IMC) no pós-operatório influenciavam os parâmetros de absorção do EE e LNG, após o BGRY. MÉTODOS: Este estudo farmacocinético foi desenhado para comparar a concentração plasmática máxima (Cmáx), o tempo para atingir a concentração plasmática máxima (Tmáx), a área sob a curva (ASC0-8 e ASC0-?) após dose única do anticoncepcional hormonal combinado oral com 0,03 mg de EE e 0,15 mg de LNG, entre 20 mulheres submetidas ao BGRY e 20 mulheres controles, pareadas por IMC e idade. Nove amostras de sangue foram coletadas 0, 1, 1,5, 2, 2,5, 3, 4, 6 e 8 horas após a ingestão da pílula. As concentrações séricas de EE e LNG foram analisadas através do método validado de cromatografia líquida acoplada a espectrometria de massas (LC-MS / MS). RESULTADOS: Não houve diferença significativa nos parâmetros de EE entre os dois grupos. As médias da ASC0-8 e ASC0-? do LNG foram significativamente maiores no grupo BGRY (p = 0,048 e p = 0,004) em relação ao grupo controle. Encontramos uma correlação positiva entre o tempo após a cirurgia e ASC0-8 (r2 0,24, p = 0,045) e ASC0-? (r2 0,43; p = 0,004) do LNG. Esse resultado reflete que quanto maior o tempo após a cirurgia, maior a exposição sistêmica ao LNG. Também encontramos uma correlação negativa entre IMC e Cmáx (r2 = 0,32 p = 0,018), AUC0-8 (r2 = 0,44, p = 0,003) e AUC0-? (r2 = 0,53; p = 0,001) do LNG. Esse resultado reflete que quanto maior o IMC, menor a exposição sistêmica ao LNG. CONCLUSÕES: O nosso estudo revelou um aumento na exposição sistêmica do LNG após o BGRY. Não houve diferença nos parâmetros farmacocinéticos do EE. Observamos uma correlação positiva entre o tempo após a cirurgia e a exposição sistêmica do LNG. Esse resultado reforça a hipótese de que pode ocorrer adaptação intestinal ao longo do tempo. Nosso estudo reforça que o IMC interfere nos parâmetros farmacocinéticos do LNG.