Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: |
2013 |
Autor(a) principal: |
Melo, Iran Ferreira de |
Orientador(a): |
Não Informado pela instituição |
Banca de defesa: |
Não Informado pela instituição |
Tipo de documento: |
Tese
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Tipo de acesso: |
Acesso aberto |
Idioma: |
por |
Instituição de defesa: |
Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
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Programa de Pós-Graduação: |
Não Informado pela instituição
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Departamento: |
Não Informado pela instituição
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País: |
Não Informado pela instituição
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Palavras-chave em Português: |
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Link de acesso: |
http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/8/8142/tde-04072013-100403/
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Resumo: |
Esta tese relata a produção intelectual e metodológica da pesquisa intitulada Ativismo LGBT na imprensa brasileira: análise crítica da representação de atores sociais na Folha de S. Paulo. Tal estudo consiste na análise de como homossexuais lésbicas e gays , bissexuais e pessoas transgêneras travestis, transexuais e intersexuais (LGBT), indivíduos historicamente excluídos de seus direitos sociais, são representados/as no jornal impresso de maior circulação do Brasil, a Folha de S. Paulo. O material que serviu de corpus ao trabalho foi composto por notícias sobre a realização do evento denominado Parada do Orgulho LGBT, ação coletiva organizada na cidade de São Paulo por pessoas que defendem a garantia da igualdade de direitos a LGBT. Trata-se de textos sobre todas as edições desse evento (1997-2012), publicados no dia e na data posterior em que ocorre. A partir da análise desses dados, a pesquisa propôs investigar o discurso produzido por meio das notícias, descrevendo e interpretando os recursos lexicogramaticais potencialmente capazes de produzir representações dos atores envolvidos na Parada, sobretudo a população LGBT, a fim de compreender a construção de sentidos gerada a partir dessas representações. Para tanto, essa investigação segue os pressupostos de epistemologias críticas nos estudos linguísticos contemporâneos, particularmente aqueles cunhados no interior da Análise Crítica do Discurso, notadamente o enfoque feito pelo linguista Norman Fairclough (2003), a partir do qual podemos refletir sobre o papel da linguagem como elemento constitutivo das práticas sociais e, portanto, como componente de reprodução e transformação da sociedade. Além disso, para subsidiar a compreensão sobre as categorias lexicogramaticais que analisamos, o estudo se apoiou na teoria de Theo van Leuween (2008a), acerca da representação de atores sociais realizada por grupos nominais, e nos postulados teórico-analíticos cunhados pela Linguística Sistêmico-Funcional, especificamente no trabalho de Michael Halliday e Christian Matthiessen (2004) sobre grupos verbais, expressos através do Sistema de Transitividade. Os resultados dessa investigação apontaram para a construção de um discurso em que LGBT são representados/as por meio de itens lexicais de Generecização e, por isso, como indivíduos sem personalidade especificada, o que sugere terem identidades e comportamentos homogêneos; através de orações transitivas formadas por Processos Materiais, nas quais ocupam o lugar de Ator apenas de ações criativas sobre a Parada, recebendo, portanto, pouco poder de transformação social; e por intermédio de orações transitivas constituídas de Processos Relacionais Intensivos Atributivos, onde exercem a função de Portadores de Atributos caricaturais que os/as qualificam como constantemente animosos/as e irreverentes. Assim, sob uma interpretação do impacto desses dados no interior da conjuntura sociopolítica atual do ativismo LGBT, concluímos que esse discurso, por restringir a capacidade agentiva e diversidade identitária dos atores LGBT, revela um importante papel da Folha na produção de significados que afetam o modo como, em geral, a sociedade compreende o movimento LGBT e alimentam o tratamento hostil e estigmatizante historicamente dirigido a esses atores sociais. |