Identificação ideológica e voto no Brasil: o caso das eleições presidenciais de 1989 e 1994

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 1998
Autor(a) principal: Singer, Andre Vitor
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/8/8131/tde-05082022-122005/
Resumo: Este trabalho visa demonstrar que a identificação ideológica foi uma das principais preditoras do voto nas eleições de 1989 e 1994. Incorporada aos modelos internacionais de previsão eleitoral a partir da década de 80, a identificação ideológica nunca foi considerada como variável importante no Brasil. Na visão tradicional, o baixo grau de escolaridade média do eleitor brasileiro e, em conseqüência, seu baixo índice de sofisticação política, tomariam difícil a compreensão do significado das categorias esquerda e direita e o seu uso para decidir o voto. A literatura internacional, entretanto, mostra que a identificação ou sentimento ideológico consiste em uma apreensão intuitiva do modelo de competição espacial entre os partidos, mais do que em uma estruturação ideológica das opiniões por parte dos eleitores. Por isso, a maioria deles não menciona espontaneamente as categorias ideológicas ao justificar o voto. Mas, ao mesmo. tempo, é capaz de reconhecer essas categorias, se for estimulado a isso, e sabe onde situar-se na escala ( esquerda-direita ou liberal-conservador) que elas formam. O ponto do espectro em que o eleitor se coloca está, por sua vez, intimamente correlacionado à opção de voto, constituindo-se, assim, um importante preditor do mesmo . Testamos essas hipóteses nas eleições presidenciais de 1989 e 1994 a partir de surveys realizados respectivamente no Brasil e no Estado de São Paulo. Os resultados confirmaram amplamente o descrito pela literatura internacional. Ou seja, a grande maioria dos eleitores soube colocar-se na escala esquerda-direita e o posicionamento no espectro esteve fortemente associado ao voto. Comparada a outras variáveis, a identificação ideológica revelou-se uma das melhores preditoras do voto naquelas ocasiões. Tais evidências indicam que a identificação ideológica deve ser incorporada aos modelos de análise do comportamento eleitoral no Brasil como em larga medida já ocorreu em outros países.