Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: |
2018 |
Autor(a) principal: |
Valentim, Amarílis Aurora Aparecida |
Orientador(a): |
Não Informado pela instituição |
Banca de defesa: |
Não Informado pela instituição |
Tipo de documento: |
Tese
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Tipo de acesso: |
Acesso aberto |
Idioma: |
por |
Instituição de defesa: |
Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
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Programa de Pós-Graduação: |
Não Informado pela instituição
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Departamento: |
Não Informado pela instituição
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País: |
Não Informado pela instituição
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Palavras-chave em Português: |
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Link de acesso: |
http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/8/8146/tde-15102018-131703/
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Resumo: |
Na sociedade contemporânea, mudanças tecnológicas, políticas e econômicas têm favorecido a mobilidade das pessoas, dando-lhes oportunidade de acesso à informação e à formação além-fronteiras, implicando o contato de culturas e línguas, promovendo nova configuração não apenas dos espaços como dos próprios sujeitos. A mobilidade estudantil, como ação de internacionalização do ambiente universitário, vem crescendo com a assinatura de convênios de cooperação. Diante desse cenário bastante favorável e das possíveis questões concernentes à apropriação de uma língua-cultura estrangeira, decorrentes desse deslocamento geográfico, cultural e linguístico, interessamo-nos em olhar para esse público e refletir acerca da relação sujeito-língua-identidade que se promoveria nesse contexto. Partimos da hipótese de que a língua estrangeira, ao ser vivenciada em imersão, modifica-se e modifica o próprio aprendiz. O que motiva um estudante a escolher o Brasil para intercâmbio e a aprender a língua portuguesa (LP)? Que representações tem da LP? O intercâmbio interfere nessas representações? O aprendizado da língua estrangeira interfere no processo identitário desse falante? A fim de elucidar essas questões, iniciamos pesquisa de campo junto a intercambistas francófonos na Universidade de São Paulo, indagando-os sobre sua autobiografia linguageira (BARONI e JEANNERET, 2011; BRETEGNIER, 2011; THAMIN e SIMON, 2011; JEANNERET, 2010; MOLINIÉ, 2006) por meio de questionários e entrevistas, seguindo uma abordagem compreensiva (BERTAUX, 2001; KAUFMANN, 1996). Os resultados evidenciam mudanças na identidade desses sujeitos-aprendizes por conta da vivência social da LP no contexto imersivo. O aspecto predominantemente destacado como propulsor de uma integração maior desse sujeito à língua e à cultura local foi, primeiramente, o sentimento de ser bem acolhido pelos nativos e considerado por eles como alguém que pode participar da comunidade linguística. Em seguida, uma conduta não de simples turista, mas de quem se propõe a conhecer e a se familiarizar com a língua e cultura-alvo foi também importante para essa inserção. Assim, o relacionamento positivo com o brasileiro e a tomada de decisão do EU em buscar conhecer esse Outro são cruciais para se poder falar a LP, que é, ao mesmo tempo, alvo e meio dessa interação. Poder falar significa ser autorizado pelo nativo e se autorizar a falar em primeira pessoa na língua estrangeira (REVUZ, 2001), causa e efeito da adesão à língua e do aperfeiçoamento de competências linguísticas, sociais e culturais alcançados. Benefícios esses tão caros aos aprendizes que eles temem perder, ao retorno, o que conquistaram e se sentem impulsionados a ser um propagador, um articulador entre o lá e o aqui para que outros tenham experiência semelhante. Desse modo, o intercâmbio potencializa a vivência com e por meio da língua-alvo e permite aos sujeitos serem valorados como alguém que fala português e a ocupar um entre-espaço, reconfigurando-se constantemente. Igualmente, a narração de sua autobiografia linguageira com a língua portuguesa e da experiência vivida no Brasil, permite-lhes construir uma nova percepção de si. Com isso, o intercâmbio é colocar-se em outro espaço, ver-se de outra forma pelo contato com o outro (portanto, há um deslocamento simbólico e não apenas geográfico) para o que o exercício da língua portuguesa in loco foi fundamental. |