Estudo biogeoquímico dos nutrientes principais (N, P e Si) e sua relação com o carbono em dois estuários do Estado de São Paulo com distintos níveis de intervenção antrópica

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2022
Autor(a) principal: Sutti, Bruno Otero
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/21/21137/tde-30012023-145302/
Resumo: Medidas que reduzem cargas antrópicas de nutrientes em estuários têm sido avaliadas como alternativas essenciais à mitigação das mudanças climáticas, uma vez que processos de eutrofização tendem a modificar a biogeoquímica da coluna dágua e desiquilibrar a dinâmica do carbono na interface ar-água-sedimento. Para melhor entender essas relações biogeoquímicas, o presente estudo adquiriu dados (inverno/2018 e verão/2019) de dois estuários com distintos níveis de intervenção antrópica, o Sistema Estuarino Canal de Bertioga (SECB) (mais urbanizado) e o Complexo Estuarino-Lagunar de Cananéia-Iguape (CELCI) (áreas pristinas). Uma Armadilha de Sedimentos foi utilizada para avaliar fluxos de partículas e de pigmentos fotossintéticos a partir da zona eufótica. Dados de nutrientes, pigmentos fotossintéticos e do sistema carbonato foram obtidos a partir de amostras de água. Comparado ao inverno/2018, o período de amostragem do verão/2019 apresentou maiores volumes de chuvas e salinidades consideravelmente mais baixas, indicando que os sistemas estuarinos foram dirigidos por maiores drenagens fluviais no verão. Somado a isso, as razões C:N evidenciaram maior importância de matéria orgânica autóctone no inverno/2018 (&#8776;7,0) e de alóctone no verão/2019 (&#8776;22,0). Na região norte do CELCI, a desembocadura do Valo Grande apresentou marcantes concentrações de silicato (&#8776;200&#956;M) e nitrato (&#8776;20&#956;M), onde elevados fluxos de Feopigmentos e Clorofila-c evidenciaram a contribuição de espécies oportunistas de diatomáceas no afundamento do carbono. Já no Mar de Cananéia (região sul), os elevados fluxos de partículas inorgânicas (&#8776;900 mg m-2 d-1) e de Clorofila-a (&#8776;77 mg m-2 d-1) em meio a elevadas razões Si:P (&#8776;30) evidenciaram marcante contribuição de sílica biogênica nas taxas de sedimentação. O Rio Batatais (área de manguezal) apresentou o mais elevado fluxo de partículas orgânicas (&#8776;550 mg m-2 d-1). O Canal do Ararapira (CA) apresentou os mais baixos índices tróficos que refletiram em baixas pCO2 (&#8776;350µatm) e predominância de entrada (-8,0 mmol m-2 d-1) do CO2. Além disso, as condições oligotróficas da área central do CA demosntrou influenciar nos baixos fluxos de partículas orgânicas (<25 mg m-2 d-1). Os setores do SECB apresentaram os mais elevados níveis de eutrofização, principalmente na área central do Canal de Bertioga (CB), onde consideráveis concentrações de amônio (20-37&#956;M) evidenciaram a entrada de esgotos. Nesta área, as baixas razões Si:N (&#8776;1,1) indicaram predominância de flagelados, onde os fluxos de partículas orgânicas apresentaram-se relativamente baixos (20-50 mg m-2 d-1). Por um lado, a área central do CB observada no inverno/2018 atuou com níveis de eutrofização e pCO2 (650µatm) mais baixos, porém com emissões de CO2 (+12,0 mmol m-2 d-1) mais elevadas. Por outro lado, a área central do CB observada no verão/2019 atuou com níveis de eutrofização e pCO2 (&#8776;1700&#956;atm) mais elevados, porém com emissões mais baixas (+2,2 mmol m-2 d-1). Esses achados indicaram que após o período chuvoso, os níveis aumentados de eutrofização e de pCO2 não desencadearam emissões de CO2, mas sim a acidificação (&#937;Ar/Ca=0,1) da coluna dágua. Por fim, os resultados evidenciaram que níveis avançados de eutrofização, ao reduzirem a presença de diatomáceas, podem reduzir o afundamento do carbono e acidificar a coluna dágua pelo excesso de CO2.