A Mata Atlântica cabe em um jardim? O papel do paisagismo ecológico para a conservação da biodiversidade

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2023
Autor(a) principal: Locatelli, Marcela Minatel
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/11/11150/tde-05022024-113554/
Resumo: Diante do aumento da urbanização e da pressão que esta exerce sobre o ambiente natural, é evidente a necessidade de incorporar as questões ecológicas no planejamento de ambientes urbanos. O paisagismo ecológico se insere nessa perspectiva, promovendo efetivos ganhos ambientais, e repercussões positivas nas relações homemnatureza. Entretanto, estudos sobre o tema são ainda incipientes, especialmente no Brasil. Este trabalho objetiva desenvolver um método para a avaliação da contribuição de projetos paisagísticos para a conservação da biodiversidade da Mata Atlântica. Para tanto, foram avaliados 28 projetos de jardins ecológicos situados nesse domínio, nos estados de São Paulo e Rio de Janeiro. Os indicadores obtidos relacionam-se à composição e estrutura da vegetação, diversidade de espécies, heterogeneidade da paisagem e provisão de recursos para a fauna. Esses indicadores foram reunidos em um índice, aqui denominado Índice de Paisagismo Ecológico (IPE), a fim de ranquear os projetos avaliados de acordo com o seu potencial ecológico. Os resultados do IPE demonstram que parte das áreas amostradas está de fato comprometida com a conservação da biodiversidade, enquanto os outros projetos assemelham-se muito ao paisagismo convencional, apresentando grande proporção de espécies exóticas e exóticas invasoras, baixas diversidade de espécies, diversidade de estratos vegetais e heterogeneidade de ambientes. Os resultados também demonstraram que alguns critérios se relacionam positivamente com a área dos jardins, como a proporção de espécies nativas, a proporção de árvores e palmeiras, a riqueza e a heterogeneidade de ambientes. Entretanto, o mesmo não ocorreu com o Índice de Paisagismo Ecológico (IPE). Esse resultado sugere que jardins com maiores áreas possuem maior potencial ecológico, todavia, nem sempre esse potencial é explorado. Analisando a fenologia das espécies presentes nos jardins, nota-se que a maior parte das espécies floresce na estação chuvosa, e frutifica na estação seca, sendo que nos jardins que possuem baixa riqueza de espécies, a disponibilidade de recursos tende a zero em determinadas épocas do ano. Esse resultado demonstra a importância de se utilizar grande riqueza de espécies, bem como espécies que florescem e frutificam em diferentes épocas do ano. O presente trabalho avança ao discutir temas pouco difundidos no Brasil, e espera-se que o mesmo contribua para a afirmação e divulgação do paisagismo ecológico, auxiliando, dessa forma, na promoção de espaços vegetados de qualidade e condizentes com a conservação da biodiversidade.