Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: |
2009 |
Autor(a) principal: |
Sousa, Claudio Roberto |
Orientador(a): |
Não Informado pela instituição |
Banca de defesa: |
Não Informado pela instituição |
Tipo de documento: |
Tese
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Tipo de acesso: |
Acesso aberto |
Idioma: |
por |
Instituição de defesa: |
Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
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Programa de Pós-Graduação: |
Não Informado pela instituição
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Departamento: |
Não Informado pela instituição
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País: |
Não Informado pela instituição
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Palavras-chave em Português: |
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Link de acesso: |
http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/8/8151/tde-19022010-104804/
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Resumo: |
Aqui neste espaço, a que comumente se destina o resumo, bem poderíamos chamá-lo advertência. Talvez deixasse no leitor a impressão mais forte de que não se trata simplesmente da apresentação geral daquilo que deve vir nas páginas posteriores; mas uma censura leve aos desavisados. Sejamos breve. Menos que mapa, só um roteiro. Ao longo do texto tentamos demonstrar por que escolhemos Catatau, e não outro romance talvez melhor acabado ou que fosse sinônimo redondo da literatura praticada no Brasil dos anos de 1970. Nosso ponto de vista: Catatau, enquanto objeto artístico, permanece um óbice ao enquadramento da produção literária de um período e ao mesmo tempo formaliza o impasse artístico e social brasileiro na década de 1970. Lemos Catatau como um ponto privilegiado de onde se pode apreender uma interpretação do Brasil a partir do envolvimento de Paulo Leminski na dinâmica de correspondências entre sua aspiração vanguardista e a impossibilidade dessa constituição em um ambiente de fechamento. Catatau, enigma até certo ponto impenetrável em suas qualidades, nos valeu mais por suas possíveis e prováveis irregularidades. Um desafio acima das forças exige armas. Nesse sentido, fomos procurar as mais adequadas para o enfrentamento: uma abordagem crítica que, como procedimento metodológico e também tomada de posição frente ao texto e à vida, possibilitasse o alargamento seguro do campo de visão. Assim, elementos da Teoria Crítica nos pareceram ser precisos ao deixar o alvo mais vulnerável a nossas investidas. Ao alcançarmos um distanciamento justo, tentamos enfrentar o Catatau como problema literário não resolvido. Dessa maneira, é possível achar em um canto ou outro deste trabalho as tentativas de solucioná-lo. Mas nunca as fizemos de forma direta, demos algumas voltas em torno da atividade artística de Paulo Leminski, contudo sempre a partir dos momentos cruciais da elaboração de Catatau estendendo-se até sua recepção no ambiente conturbado dos anos de chumbo. Uma categoria que se nos apresentou feito um flanco aberto foi a do narrador. Cartesius, produto da estratégia autoral, ao abrir mão de truques e artifícios do realismo formal, rasga os véus da representação. De maneira discreta no conto Descartes com Lentes e de forma mais ostensiva em Catatau, em que o espírito vanguardista, sobretudo sua atitude derrisória, habita o corpo do texto. O riso leminskiano hesita entre a autopreservação e o ataque. O resultado desse movimento é o impasse. Esse encontra correspondência na imagem de Occam, o lado obscuro do nosso atraso que neutraliza a razão cartesiana, bem como na de Articzewski, que é esperado por Cartesius. Para nós, a visão alegórica desta sobreposição de impasses é a encenação de Renatus Cartesius oscilando entre o uso da erva e o da luneta. Enquanto a desrazão e a espera alimentam o impasse, o imobilismo que nos caracteriza emite maus sinais. |