A escrita intimista em Desassossego: as tentativas de constituição de um sujeito e suas variantes em três das edições desse texto pessoano

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2015
Autor(a) principal: Simiscuka, Monica Imperio
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/8/8150/tde-29012016-125510/
Resumo: O Livro do Desassossego, chamado por Fernando Pessoa de autobiografia sem fatos, diário lúcido ou ao acaso, entre outras tantas classificações, atribuído a Vicente Guedes e a Bernardo Soares, seu heterônimo e semi-heterônimo, respectivamente, apresenta temáticas e estratégias textuais várias que podem aproximá-lo da literatura intimista. Motivado aparentemente pela reflexão íntima ou por um minucioso exame de consciência, essa voz narrativa autoral, que é observadora atenta da vida cotidiana circundante, considerada reles e comezinha, registra suas impressões pessoais num pretenso diário íntimo ficcional. Tais recursos, utilizados pela escrita intimista, bem como o texto fragmentário formado pelas anotações desse eu solitário e entediado, parecem ser uma tentativa de constituí-lo como sujeito. Além da complexa elaboração textual (cujos fragmentos soltos, a diarística e a narrativa autobiográfica são exemplos), que torna a escrita intimista ainda mais sui generis na obra, há outra problemática, não menos significativa - a condição editorial a que o Livro do Desassossego ficou sujeito, visto que, inacabado, foi ordenado e publicado postumamente, de acordo com as escolhas e critérios de seus organizadores. Esta tese, pois, à luz da escrita de si, delineia e analisa brevemente os sujeitos possivelmente constituídos em três edições do projeto da prosa pessoana em questão - as de Teresa Sobral Cunha, Jerónimo Pizzarro e Richard Zenith -, a fim de verificar se e como a ordenação desse complexo material deixado, com fins de publicação da obra, contribuiu para evidenciar o processo de busca ontológica desse(s) eu(s) ficcional(is).