Tragédia, razão e teoria politica platônica: a reconciliação entre a racionalidade política platônica e a tragédia de Édipo

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2021
Autor(a) principal: Morais, Ricardo Manoel de Oliveira
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/8/8131/tde-20072022-115645/
Resumo: O objetivo desta tese é apresentar elementos que possibilitem sair de um registro tradicional que vê uma dicotomia na teoria política platônica entre racionalidade e tragédia, uma vez que esta polarização é aparente. Ao evidenciar esta tradição dicotômica a partir da República de Platão, intenta-se, pela análise da tragédia sofocliana de Édipo, apontar que a tragédia não se opõe à noção de racionalidade política. Ao contrário, é um discurso que aponta para o potencial trágico do próprio triunfo da razão. Em Édipo rei, o herói trágico encontra o seu destino pela sua capacidade racional de resolver problemas políticos. Até a piedade é um recurso racional, pois se trata de uma alternativa política legítima para a solução de impasses como a peste. Mesmo Édipo em Colono é uma peça perpassada pela problemática da racionalidade política. A tragédia rompe com dicotomias tradicionais como a racionalidade e a contingência, virtude e vício, harmonia e conflito, retratando o sofrimento agônico decorrente delas. Tal rompimento ocorre no jogo das tragédias com as ambiguidades e instabilidades do campo político, o que permite situar o paralelo entre o herói trágico e o Sócrates platônico. Assim, o texto terá três capítulo. No primeiro, apresenta-se o problema do trágico como um discurso do limiar, do gênero humano que é e está em transição, apontando-se a relevância política da tragédia. A tragédia é mais que um gênero literário circunscrito no tempo e no espaço, mas um relato paradigmático sobre a política, razão pela qual se constituiu como uma instituição da polis. No segundo capítulo examina-se a racionalidade política de Édipo (em Édipo rei e Édipo em Colono), demonstrando-se que o recurso ao divino é uma face da racionalidade política. No terceiro capítulo é apresentada não só similitude entre Édipo e Sócrates, mas o fato de que Sócrates está inserido em um enredo racional ainda mais trágico que o de Sófocles. Se Édipo encontra a redenção na polis ateniense, Sócrates é por ela condenado.