Os primórdios da fonética e da fonologia na literatura hebraica medieval na Andaluzia em uma \"nova\" leitura da Messorá por Abū Zakariyaʾ Yaḥya Ibn Dāwūd Ḥayyūdj Alfesi

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2013
Autor(a) principal: Faldini, Fabio
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/8/8158/tde-11092013-103129/
Resumo: Abū Zakariyaʾ Ibn Dāwūd Ḥayyūdj nasceu em Fez, Marrocos, e viveu em Córdoba, Andaluzia, entre os anos 960 e 1010 A.D. Ḥayyūdj ganhou o título de \"grande gramático\" por desvendar o mistério dos verbos fracos. Até então, palavras difíceis eram solucionadas por métodos comparativos (Seʿádia Gaʾon e Yehudá Ben Quraish); ou eram associadas à raízes, atualmente reconhecidas como compostas por três letras diferentes, à mesma raiz reduzida a duas letras ou até uma (Menaḥem, Dunash e David Alfesi). Prima facie, as teorias de Ḥayyūdj emergiram a partir de estudos gramaticais que se iniciaram como um continuum dos sábios tardios da Messorá. Porém, o presente trabalho pretende mostrar a conexão que havia entre Ḥayyūdj e a Messorá, que não foi tratada nos trabalhos acadêmicos consultados. Por isso, espera-se preencher essa lacuna existente na literatura explorando os contextos histórico, gramatical e massorético nos quais Ḥayyūdj estava inserido. Consequentemente perceber-se-á como Ḥayyūdj superou seus antecessores. No decorrer da exposição discute-se como o Texto Bíblico foi veiculado em dois canais paralelos (escrito e oral) e por tradições diferentes (judaicas babilônicas, tiberienses, israelense e Andaluz). Desmembra-se o Texto Massorético em três camadas: Texto Consonantal, sinais massoréticos e anotações massoréticas. Apresenta-se um modelo triangular no qual as anotações massoréticas (qere–ketiv) encontram-se no topo para harmonizar entre o Texto Consonantal e os sinais massoréticos. Analisa-se, diacronicamente, segundo a fonologia gerativa, a profundidade da escrita do Texto Massorético abrangendo a visão dos massoretas tiberienses (produtores) e dos andaluzes (consumidores). Discute-se a afinidade entre a Messorá, as teorias gramaticais anteriores e Ḥayyūdj. Mostra-se que Ḥayyūdj foi o primeiro gramático, fora dos círculos massoréticos, que interpretou os qere–ketiv marcados nas marginais dos códices massoréticos. Discute-se como Ḥayyūdj solucionou as contradições existentes entre as vogais massoréticas e as vogais do Texto Consonantal. Mais especificamente mostra-se como as teorias de Ḥayyūdj permearam os planos ortográfico, fonético, fonológico, melismático e morfológico da gramática. Na ortografia, as formas plenas e defectivas seriam equivalentes; no plano fonético, qamats e pataḥ, tseire e segol e por fim, ḥolam e ḥataf-qamats seriam pares de fones iguais; no plano fonológico, o qamats diferentemente do pataḥ, tseire diferentemente do segol, e ḥolam diferentemente do ḥataf-qamats seriam seguidos por uma espécie de arquifonema amorfo inspirado na Messorá e nas letras de prolongação do árabe: o sākin layyin traduzido para o português como \"repouso frágil\"; no plano melismático, as vogais massoréticas precederiam os melismas; no plano morfológico, o hebraico seria enquadrado no modelo estrutural das línguas semíticas. Em suma, mostra-se que com base no sākin layyin, Ḥayyūdj abandonou o modelo mental arraigado em seus antecessores para desenvolver teorias sólidas que solucionariam o problema dos verbos fracos e que simultaneamente traria harmonia entre o Texto Massorético e a tradição oral andaluza.