Conectando florestas e primatas: as mudanças no uso da terra para a conservação do muriqui-do-norte (Brachyteles hypoxanthus Kuhl, 1820) em propriedades rurais

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2015
Autor(a) principal: Crepaldi, Maria Otávia Silva
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/106/106132/tde-07032016-120611/
Resumo: As mudanças no uso e na cobertura da terra, principalmente em áreas florestais, causam alterações ambientais em diversas escalas. Uma das suas consequências negativas é a fragmentação de habitats, que causa desequilíbrio nos diversos ecossistemas e perda de espécies e populações. Investigar os fatores que influenciam o aumento da cobertura florestal e as suas consequências para a conservação da biodiversidade é fundamental para o planejamento de políticas públicas ambientais, principalmente em regiões de ocorrência de espécies ameaçadas de extinção. No caso do muriqui-do-norte (Brachyteles hypoxanthus), um primata neotropical criticamente em perigo de extinção, a existência de conectividade entre fragmentos florestais remanescentes é um dos maiores limites para a sua conservação, pois mudanças no uso e na cobertura da terra serão necessárias. A conservação desse primata requer estratégias mais integradas do que apenas a criação de áreas protegidas, sendo necessário o envolvimento dos proprietários rurais, juntamente com os tomadores de decisão. A aplicação de instrumentos políticos econômicos, como compensações e pagamentos por serviços ambientais, pode ser uma estratégia para estimular proprietários rurais a participarem de programas de conservação da biodiversidade em terras privadas. O problema da pesquisa deste trabalho foi identificar os fatores que levaram ao aumento de áreas florestadas em propriedades rurais em regime familiar de exploração e as suas consequências à conservação da biodiversidade. A pesquisa foi desenvolvida no município de Santa Maria de Jetibá, ES, onde ocorrem populações do muriqui-do-norte e predominam as propriedades agrícolas familiares, nas quais tem ocorrido aumento de áreas florestadas, muitas delas fragmentadas. O trabalho foi dividido em três partes: Análise das mudanças de uso e da cobertura da terra entre 1970 e 2005, identificando os principais indutores do aumento da cobertura florestal em uma região de ocorrência do muriqui-do-norte; Descrição do perfil socioeconômico, da percepção e das motivações dos proprietários rurais para a conservação de serviços ecossistêmicos; Proposição de corredores estruturais para sete populações de muriqui-do-norte, baseada na permeabilidade da matriz e na aceitação dos donos da terra. Foram utilizados mapas de uso e cobertura da terra, censos agropecuários, entrevistas semiestruturadas, métodos de valoração e compensação de serviços ambientais baseados no mercado de bens substitutos e na preferência declarada, além de simulações dos corredores ecológicos no programa LORACS. A decisão de deixar áreas naturais na propriedade rural é fortemente influenciada por fatores econômicos. O aumento da produtividade, possibilitada pela tecnificação agrícola, permitiu a ampliação da cobertura florestal no município de Santa Maria de Jetibá. O perfil socioeconômico dos agricultores entrevistados e as características das propriedades nos permitem inferir sobre a importância dos instrumentos políticos econômicos, do tipo de agricultura praticada e da percepção ambiental para criar oportunidades de conservação da biodiversidade. Programas de conservação que têm como meta a efetivação de corredores de vegetação em áreas privadas e, consequentemente, a perda de áreas produtivas, podem utilizar instrumentos políticos econômicos, baseados na disposição a receber, no custo de oportunidade da terra e no custo de restauração ecológica, para serem mais atrativos aos proprietários rurais, motivando-os a romper as barreiras para sua aceitação.