Prevalência do transtorno dismórfico corporal em pacientes dermatológicos e avaliação da crítica sobre os sintomas nessa população

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2008
Autor(a) principal: Conrado, Luciana Archetti
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/5/5133/tde-26032009-113115/
Resumo: São cada vez mais freqüentes as queixas cosméticas na sociedade contemporânea objetivando a perfeição das formas do corpo e da pele. Os dermatologistas e cirurgiões plásticos são frequentemente consultados para avaliar e tratar essas queixas. Sendo assim é importante conhecer o Transtorno Dismórfico Corporal, inicialmente chamado de dismorfofobia que foi pouco estudado até recentemente. Esse transtorno é relativamente comum, por vezes incapacitante, e envolve uma percepção distorcida da imagem corporal caracterizada pela preocupação exagerada com um defeito imaginário na aparência ou com um mínimo defeito corporal presente. A maioria dos pacientes apresenta algum grau de prejuízo no funcionamento social e ocupacional e como resultado de suas queixas obsessivas com a aparência podem desenvolver comportamentos compulsivos, em casos mais graves há risco de suicídio. O nível de juízo crítico é prejudicado, não reconhecem que seu defeito é mínimo ou inexistente e freqüentemente procuram tratamentos cosméticos para um transtorno psíquico. A prevalência do transtorno na população geral é de 1 a 2% e em pacientes dermatológicos e de cirurgia cosmética de 2,9 a 16%. Neste estudo investigou-se a prevalência do Transtorno Dismórfico Corporal em pacientes dermatológicos. Entrevistadores treinados avaliaram com questionários e entrevistas semi-estruturadas (SCID) pacientes que procuravam tratamentos cosméticos clínicos e cirúrgicos (grupo Cosmiatria, n=150), que procuravam a dermatologia em geral (grupo Geral, n=150) e grupo controle de 50 pacientes. Três psiquiatras independentes fizeram a melhor estimativa diagnóstica (best estimate diagnosis). Foram diagnosticados 32 pacientes (Cosmiatria 14%; Geral 6,7%; Controle 2%). As diferenças entre as prevalências nos três grupos foram significativas, bem como entre o grupo da Cosmiatria e o Controle. A regressão logística mostrou maior prevalência na Cosmiatria do que no grupo Geral e Controle, em indivíduos solteiros e com menor índice de massa corpórea. A gravidade foi moderada (em escala validada) e as obsessões foram mais significativas no grupo da Cosmiatria do que no Geral. A aplicação de escala de avaliação de crenças mostrou que o nível de juízo crítico estava mais prejudicado nos pacientes do grupo da Cosmiatria. Nenhum paciente havia sido diagnosticado previamente. As comorbidades psiquiátricas foram freqüentes, principalmente o Transtorno Depressivo Maior e o Transtorno Obsessivo Compulsivo. A comparação de subgrupos de pacientes que tinham o Transtorno Dismórfico Corporal ou este associado ao Transtorno Obsessivo-Compulsivo não mostrou diferenças significativas quanto às variáveis demográficas, comorbidades psiquiátricas, gravidade do transtorno ou nível de juízo crítico. As queixas dermatológicas mais freqüentes, em média duas, foram: discromias, acne, quanto à forma do corpo e ao envelhecimento. No grupo Cosmiatria a maioria dos pacientes já havia se submetido a tratamentos ou cirurgias cosméticas com resultados insatisfatórios. Os achados desse estudo apontam para uma maior prevalência em pacientes dermatológicos, principalmente nos que procuram tratamentos cosméticos, sugerindo que possam ser mais obsessivos e ter pior nível de juízo crítico em relação aos seus sintomas. Considerando a alta prevalência do Transtorno Dismórfico Corporal em pacientes dermatológicos e que os tratamentos cosméticos raramente melhoram seus sintomas, o treinamento dos profissionais para a investigação sistemática, diagnóstico e encaminhamento para tratamento psiquiátrico parece fundamental