Rede para escutas marginais: uma guerrilha armada de escuta

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2023
Autor(a) principal: Siqueira, Anna Lucia Marques Turriani
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/8/8161/tde-01042024-112438/
Resumo: A presente tese teceu-se a partir da sistematização de um conjunto de atividades formativas, de viés clínico-político, realizadas entre 2021 e 2023, oferecidas a trabalhadores do SUS e SUAS, jovens moradores de territórios periféricos, graduados em psicologia ou outras áreas afins ao campo da saúde mental, movimentos sociais e psicanalistas. Ela se compôs nos interstícios da memória coletiva com diversas áreas do saber que nos emprestam conceitos para elaborar e sustentar o compromisso com um horizonte ético político revolucionário. Esta tese assentou-se na práxis. É uma tese assentamento, que ocupa algumas terras improdutivas da ciência moderna, da universidade e das políticas públicas, monta seus barracos e cultiva em solo fértil ideias rebeldes e nutritivas. Isso para dizer que o trabalho aqui sistematizado aconteceu em mutirão e, portando, esta tese ocupou-se pouco em reproduzir a lógica acadêmica, de pesquisa conceitual, recortes determinados de tal temática ou campo, à luz de qual ou tal autor ou teoria, ou mesmo no delineamento de objetos. O que temos aqui é a sistematização de uma construção coletiva, a partir de meu testemunho como cocoordenadora em uma experiência formativa que estava em construção. Na coluna vertebral desta experiência formativa esteve a práxis e em suas bases, nas articulações de suas pernas, a psicanálise, o marxismo, a psicologia social comunitária, a saúde coletiva, a cartografia social, o feminismo comunitário e negro, as teorias queers, os pressupostos ético-políticos das teorias anticoloniais e descoloniais, a educação popular e outras práticas libertadoras. Seus braços foram a ação junto ao território. Já sua cabeça, de onde parte o sistema nervoso central, o organizador de todo seu funcionamento, foram a escuta e a práxis clínica orientada pela memória coletiva. A metodologia que aqui pôde ser sistematizada deve ser entendida desde uma espiral. Uma espiral metodológica cujo fio condutor buscou ser a escuta deslocando-se entre fortalecimento das lutas populares/necessidades do território; sistematização/levantamento de indicadores; grupo de discussão a partir das próprias experiências profissionais; recursos críticos para o pensamento (aulas, lives, mesas, jornadas); articulação territorial; revisão metodológica; supervisão; validação comunitária; construção de caso; entrevistas; grupo de estudos; grupos de trabalho; sínteses reflexivas; metodologias comunitárias; ação no território/fortalecimento das lutas populares. A espiral aqui apresentada variou, em sua circulação e velocidade, respeitando uma organicidade em relação aos seus processos internos, afetada sobremaneira por necessidades e anseios manifestados durante os 30 meses que duraram as atividades formativas. Duraram, pois elas não tiveram continuidade. A escrita da tese também foi espiralar, entre a memória, a experiência e a teoria, buscando não apenas pensar essa experiência à luz da teoria como também devolver perguntas a essas teorias desde a experiência coletiva testemunhada. Visou dar a conhecer os métodos que compuseram este conjunto de atividades formativas, assim como pensar a importância do método nas lutas anticoloniais. O objetivo principal foi sistematizar um modelo de formação clínico política que demonstrou apoio aos trabalhadores das políticas públicas de saúde e assistência social, desde os movimentos populares e para os movimentos populares. Como fortalecer o público sem fortalecer o Estado foi uma das perguntas que orientou